quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

RVCC 7ª Sessão

Mais uma quinta feira mais uma Sessão.

Hoje foi dedicada a STC (Sociedade Tecnologia e Ciência), tivemos a boa companhia da Dra. Lúcia, e do Dr. Ricardo.

Com eles estivemos então 2 horas em que começámos a falar do referencial de competências chave de STC.

Durante estas duas horas,(bem produtivas), vimos um videoclip, que nos ajudou a desenvolver um trabalho com o intuito de aprofundar os nossos conhecimentos do "programa", e ao mesmo tempo abrir um pouco os nossos horizontes para que desta forma, possamos tentar aplicar os domínios de referência no nosso trabalho (Portefólio).

Deixei-vos na sessão anterior aquando estava a falar da minha freguesia (S. Martinho do Bispo), mais concretamente vivo na Bencanta.










Local que fica a cerca de 3 kms do centro da cidade, e é tido por muitos como uma zona dormitório.

Mas com a expansão da cidade, já quase não se pode ter em conta a distancia, bem como a ideia de ser ou não zona dormitório, em muitos casos já existem serviços a sair do centro da cidade.

Não deixa de ser no entanto uma zona mista (rural e urbana).

É um local maioritariamente, composto por residências de baixa altura, (vivendas e prédios até 4 andares), tendo largas áreas verdes muitas delas ainda dedicadas ao cultivo.

Muitos dos vegetais que podemos ver no mercado municipal de Coimbra ainda provêm desta zona.

A Bencanta teve o inicio do seu grande desenvolvimento urbanístico à cerca de 15 anos, tendo como motores principais a Escola Superior Agrária de Coimbra, o Instituto Superior de Contabilidade e Administração, (situado no Campus da ESAC), Centro Cirúrgico de Coimbra, agora nesta ultima fase a Fundação Bissaya Barreto com o seu Julgado de Paz do Concelho de Coimbra.

Durante muitos anos, foi uma localidade em que a actividade principal dos seus habitantes, era a agricultura de minifúndio "O minifúndio é a propriedade fundiária de dimensão mínima, em função de vários factores: a situação regional, a destinação económica e a produtividade
Não se pode confundir pequenas propriedades com produção pequena. Com técnicas avançadas, alguns minifundiários auferem bons lucros ao aproveitar ao máximo o espaço resumido, através do plantio de hortaliças, apicultura, criação de aves, piscicultura, fruticultura e qualquer actividade que dependa de pouco espaço e muita mão-de-obra".

A Bencanta é uma das localidades da freguesia de S. Martinho do Bispo, atravessada pela E N 341 - via rápida da Bencanta, que trouxe pontos positivos e negativos para a freguesia.

Pontos positivos

Menor distância para o centro da cidade.

Maior fluidez de de tráfego
Pontos negativos

Aumento do ruído

Aumento da poluição

Divisão da freguesia em duas



As melhorias na freguesia, foram de notar, ainda que a zona da Bencanta tenha ficado esquecida.

Segundo o autarca, em exercício, (Antonino de Moura Antunes), a falta de dinheiro, e ainda, e passo a citar, "...a bencanta é uma zona rural...", pois a ruralidade desta zona deixou-a ao abandono, senão veja-se, a reparação das ruas só é feita em altura de campanha eleitoral, para colocar um pouco de alcatrão, só pedindo à Câmara Municipal, o fontanário encontra-se ao abandono, o terreno onde se realiza a feira dos 7 e 23 esta num estado lastimável, quase não permitindo que em dias de chuva as pessoas se possam deslocar sem ser com botas altas, quando há feira o lixo fica espalhado quase uma semana, etc, muitos seriam os pontos a citar da freguesia, ou melhor deste pedaço da freguesia, mas ficará concerteza para mais tarde.


Só a titulo de curiosidade podemos ver na fotografia acima um poste em terra de ninguém.
Pois é parece que este poste está em terra de ninguém, e para alem disso parece também não pertencer a ninguém, senão veja-se:

Por diversas vezes eu próprio contactei a PT (Portugal Telecom), que segundo me parece deve ser a proprietária do referido poste, após a reclamação, alguém me contactou, dizendo que o bendito poste não pertencia à PT, mas sim à TV Cabo (ZON), contactei então a ZON, que me comunicou que o poste era propriedade da PT, e que a Zon não tinha este tipo de infraestruturas, utilizando sempre que possível os postes da PT.
Pois a realidade é que o poste em questão, deve ser de alguém, os cabos lá ligados pertencem esses sim à PT e à ZON, mas infelizmente, o poste que parece não estorvar, pois está na berma(???!!!).
Na realidade o poste já se encontra neste local à muitos antes, muito antes até, de terem sido feitas as casas, que se encontram na rua.
Por trás do poste encontrava-se um muro, o muro saiu e nasceram as casas e o estacionamento, mas este bocado de pau, com uns cabos agarrados, só irá sair se o tirarem de lá.
Reclamar para quê???
O presidente da junta que até costuma ir comer algumas vezes por mês a casa de um amigo, mesmo por trás do poste, nada faz..., estamos em Portugal.
è mais um caso para o "Nós por Cá" (programa da SIC).

Estes são só alguns dos problemas por resolver pela Junta de Freguesia, ou por quem de direito.

Esperemos por dias melhores.

Junto à minha casa na rua do Gorgulão, existe um fontanário e lavadouro, que remonta ao sec. XIX (1874), não sabendo no entanto a sua origem.




Com água vinda de uma nascente, e acumulando num poço, sendo encaminhada, para o fontanário, por um aqueduto, rente ao chão (tapado para protecção e maior limpeza durante as obras de beneficiação), desembocando numa bica única.

Na época não havia preocupações nem ambientais, nem de outro tipo.
Em tempos passados era esta a forma que os habitantes deste lugar tinham para poder ter água em casa. Água essa que servia tanto para o uso doméstico, bem como para os animais, sim porque havia animais, desde porcos, galinhas, cavalos, bois (estes normalmente usados para ajudar nos trabalhos da terra), vacas (na sua maioria vacas leiteiras, aproveitando depois o leite para a venda), cabras e ovelhas (estes dois tipos de animais eram usados à semelhança das vacas, para o aproveitamento do leite para a venda, bem como para fazer queijo fresco).

Durante os anos 80 do século passado, sofreu obras de beneficiação, tendo no entanto caído no abandono, por parte das autoridades competentes, estando neste momento no estado que podem verificar na fotografia.

A zona onde resido esta bem servida de transportes públicos, temos os SMTUC (Serviços Municipalizados de transportes Urbanos de Coimbra) e a CP.
Os Autocarros dos SMTUC são de 10 em 10 minutos, e os comboios têm alguma frequência, ja que por aqui passa a linha do Norte, a principal via de ligação ferroviário Norte/sul.

Até ha cerca de 6 meses, a ligação com a via rápida era feita por uma passagem de nível, que atravessava a linha do norte, passagem de nível essa que à semelhança de muitas outra foi fruto de muitos acidentes, quase na sua maioria mortais.

Agora coma a nova politica do País e da REFER (Rede ferroviária Nacional), em vez de passagens de nível foram feitas obras e feitas pontes e túneis que atravessam a linha do norte.

Já que falo em Comboios aproveito para deixar aqui a história do comboio em Portugal.

Não havia estradas, nem sequer bons caminhos. Os assaltos eram frequentes e até havia quem, com medo dos salteadores, “antes de partir deixasse feito o seu testamento”. De liteira, demorava-se pelo menos cinco dias para ir de Lisboa para o Porto. A mata cavalos, na mala-posta, seriam no mínimo trinta e quatro horas. Uma simples carta precisava de oito dias para chegar a Bragança...Por isso, quando em 1856 D.Pedro V inaugurou o caminho-de-ferro até ao Carregado, foi enorme o melhoramento. Era mesmo uma autêntica revolução : vinte anos depois do resto da Europa, chegava finalmente a Portugal o progresso sobre carris. Filho da dívida pública, corajosamente financiado por Fontes Pereira de Melo através de empréstimos a longo prazo, o comboio trazia com ele sonhos do desenvolvimento. Queria fazer-se de Lisboa a porta da Europa e quebrar um isolamento cultural e económico de séculos. “Pelos caminhos-de-ferro que tinham aberto a península” – resumiu Eça de Queirós – “rompiam cada dia (...) torrentes de coisas novas, ideias, sistemas, estéticas, formas, sentimentos, interesses humanitários.”Foram os tempos gloriosos do “Sud Expresso”, Paris de repente apenas a três dias de distância : “Cada manhã trazia a sua revelação, como um sol que fosse novo...” (ainda Eça) Não terá sido por acaso que um dos primeiros filmes de Aurélio Paz dos Reis fosse, logo em 1896, a “Chegada de um comboio americano a Cadouços”.Durante mais de um século, para tudo quanto era importante em Portugal se ia, pois, de comboio.De comboio partiu para o exílio Bernardino Machado, à porta de uma estação morreu Sidónio, por caminho-de-ferro embarcou para a I Guerra Mundial o Corpo Expedicionário Português, com o apoio dos ferroviários se fez o 28 de Maio. E foi ainda de comboio que seguiu o funeral de Salazar ou que, depois do 25 de Abril, regressou do exílio Mário Soares. Em Portugal coexistem hoje técnicas de última geração e procedimentos ferroviários de antanho. Passou-se quase directamente do século dezanove para o vinte e um. Na novíssima estação de Meleças cruza-se a gestão informática integrada de comboios da Linha de Sintra com a automotora do Oeste. Tal e qual como há mais de cem anos, esta lá vai avançando penosamente, de autorização telefónica em autorização telefónica, estação por estação... Sonha-se com o TGV, prepara-se uma nova linha de mercadorias para Espanha, mas subsistem arcaísmos quase encantadores: em Cuba, por exemplo, de cada vez que chega um comboio, ainda se usa uma bicicleta para ir movimentar manualmente as agulhas ...É esta a história da evolução do caminho-de-ferro em Portugal, de persistências e inovações, que este documentário propõe contar. Evolução da própria via, desde o carril curto em troços de cinco metros e meio com as suas barretas de ligação (que deram origem à onomatopeia do “pouca-terra”) até à moderna barra longa soldada e às travessas mono bloco. Evolução das máquinas e do material circulante, das pontes, dos sinais, dos bilhetes e das velocidades...Uma grande aventura humana, na qual permanecem como protagonistas os quase sempre ignorados ferroviários. Orgulhosos nas suas velhas fardas, zelosos na pontualidade e na segurança, caldeados nas lutas operárias, foram sempre eles o garante de um serviço público mantido por vezes a duras penas. De resto, em cento e cinquenta anos, mudou quase tudo no caminho-de-ferro português. Ninguém o diria, mas o passageiro que hoje toma tranquilamente o “Alfa” para ir de Braga a Faro exerce um direito ao transporte inimaginável pelos seus tetravós, que nasciam, viviam e morriam no mesmo lugar...

O Documentário, resultado de uma parceria CP/REFER/RTP é, acima de tudo, uma homenagem a todos os ferroviários que construíram e edificaram o património que hoje conhecemos – uma epopeia que se confunde com a história do país.

O crescimento dos grandes centros urbanos traz consigo o congestionamento de tráfego, o consumo de enormes quantidades de combustíveis fósseis (Diário Económico: “Portugal desperdiça 60% da energia que consome” ;“a actual estrutura de consumo portuguesa faz com que cada aumento de um dólar no preço do barril implique uma subida da factura energética à razão de 140 milhões de dólares por ano”) até problemas de saúde relacionados com a poluição atmosférica.Estes problemas estão associados sobretudo à utilização do automóvel como meio privilegiado de mobilidade. Inerentes a cada um destes problemas estão associados custos difusos (externalidades negativas) que, embora de difícil quantificação, deviam de algum modo entrar para a demonstração de resultados das empresas prestadoras de transporte público. Ou seja, se os custos difusos da mobilidade em automóvel particular fossem tidos em conta, por cada pessoa que mudasse para o modo de transporte público, a respectiva empresa transportadora deveria ter uma compensação (real ou fictícia, neste último caso apenas para aferir da tal eficiência ou utilidade do serviço prestado). Infelizmente, nestes tempos de liberalismo fundamentalista e iliteracia económica gritante em tantos dirigentes e formadores de opinião, este tipo de abordagem não tem grande adesão.

Repensando o uso do automóvel
Diversas cenas marcam o vai-e-vem nos grandes centros urbanos do país. Mas os automóveis dominam as ruas nos grandes centros urbanos


- 1: nada mais comum do que observar uma fila interminável de carros parados no trânsito a soltar muito fumo. Dentro, pessoas impacientes, também a soltar muito fumo.
- 2: autocarros, metros e comboios a abarrotar. Pessoas desesperadas para entrar nos transportes públicos, sentarem-se e, quem sabe, tirar uma soneca no longo caminho até aos seus destinos.
- 3: depois de tentar todos os meios de transporte possíveis, Carla Maria (personagem), arquitecta, com 27 anos, decide levar as suas sapatilhas para o trabalho e voltar a pé.
- 4: ciclistas pedalam entre os carros, fazendo inveja aos motoristas confinados.
Diversas cenas marcam o vai-e-vem nos grandes centros urbanos do país. Mas são os motores que dominam as ruas, que não foram planeadas para o uso da bicicleta como meio de transporte. Muitas cidades nem tem passeios adequados para aqueles cidadãos que desejam caminhar de volta para casa.
Com o início da indústria automobilística em Portugal, no final da década de 50, ter um carro passou a ser o sonho de muitos Portugueses. Os sucessivos Governos concentraram grandes esforços na infra-estrutura rodoviária. Apesar de o transporte colectivo ter ganho o seu espaço, o automóvel ainda domina de longe as ruas dos grandes centros metropolitanos. São gastos recursos públicos de enorme monta na construção de túneis, viadutos, restauro das estradas e outras obras tendo como objectivo principal o automóvel, um veículo que oferece uma má relação entre o espaço ocupado nas ruas e o número de pessoas transportadas.
Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), (instituto similar ao nosso Instituto Nacional de Estatística "INE"), a realidade do automóvel na cidade de São Paulo atingiu em 2007, algo em torno de 11 milhões de pessoas. A frota de automóveis já ultrapassou 4 milhões, ou seja, pode-se dizer que a cada 3 pessoas, uma tem um carro. Enquanto isso, não há muito mais que 65 mil autocarros e mini autocarros. Motas e motorizadas somam quase 600 mil.
A realidade de uma cidade com 10.990.249 habitantes, quase o mesmo numero de habitantes de Portugal.

Dos números para a realidade
Uma pessoa que utiliza transportes colectivos consome 12 vezes menos combustível do que se utilizasse o carro e provoca uma emissão de 5 vezes menos monoxido de carbono. Após 1 ano, o indivíduo que utiliza o automóvel, causou a liberação da mesma quantidade de carbono que 10 árvores assimilam, no seu processo de crescimento, ao longo de 20 anos aproximadamente. Utilizando o transportes colectivos, a quantidade de carbono emitida por pessoa equivale a 1 árvore.
Se uma pessoa deixar de usar seu automóvel particular 1 vez por semana, durante 1 ano, mais de 200kg de monóxido de carbono deixarão de ser lançados na atmosfera. Além disso, essa mesma pessoa economizaria, ao longo desse ano, mais de 132 litros de combustível, o que equivale hoje a aproximadamente € 111,14.
Segundo o biólogo Cláudio Luis de Oliveira, “a cada atitude individual, os impactos positivos do consumo consciente já se mostram surpreendentes. O trabalho colectivo se mostra como um poderoso instrumento de transformação da engrenagem da vida”.
Se os consumidores se tornarem conscientes do poder que têm sobre a escolha de produtos e serviços oferecidos, o custo do transporte poderia deixar de representar 22% da renda familiar de um trabalhador e, se houver uma pressão sobre os municipios que regulam o transporte colectivo, poderá haver uma melhor na facilidade de acesso e qualidade do serviço.

Mudança de hábitos
Aquele consumidor que prefere utilizar bicicleta, caminhar a pé ou até usar o transportes colectivos, ao invés do carro particular, “colabora também com a melhor circulação das pessoas pela cidade. Pois, uma pessoa, num carro, ocupa em média, um espaço sete vezes maior do que ocuparia num autocarro”, comenta Cláudio de Oliveira.
Além disso, de que adianta possuir um carro novo, com motor potente se a velocidade alcançada, nos centros urbanos, é muitas vezes menor que a de uma bicicleta? Nesse sentido, é inútil o avanço da alta tecnologia avança no desenvolvimento de motores cada vez melhores e na formulação de combustíveis cada vez menos poluentes. É preciso mudanças em outra direcção para resolver o trânsito das grandes cidades.

Mudanças na lógica da deslocação
Estudiosos, empresários e consumidores propõem as mais variadas alternativas para o trânsito das grandes capitais, entre elas a implementação de medidas para a redução da frota de carros, como a criação de trajectos pedestres urbanos e a restrição a estacionamentos, a melhoria nos transportes públicos, o incentivo ao uso de bicicletas e políticas voltadas para criação de corredores de transportes publicos.
Silvia, 43 anos, é professora de desporto, afirma que já teve carro mas não se atreve a conduzir porque hoje o trânsito é muito agressivo.”Eu tenho medo de conduzir. Utilizo o metro e o autocarro, mas gostaria que as linhas se cruzassem, assim não haveria tanta aglomeração de pessoas. “O que mais me irrita no metro é a andar sempre cheio, e no autocarro é a lentidão proocada pelo trânsito”.
Boas idéias não faltam. Maria Cristina mora em Lisboa e sugere mudanças na lógica da deslocação, levando a actividade produtiva para os bairros dormitórios. Segundo ela, “muita coisa mudaria se os bairros onde as pessoas moram tivessem mais emprego e se, além disso, as empresas flexibilizassem os horários dos funcionários”. É preciso oferecer emprego, comércio e serviços públicos nos bairros.
Em época de eleições é comum ver politicos a propor obras, como viadutos, túneis, entre outras. Há organizações ambientais que têm propostas de redução do trafego nas Cidades. Há duas décadas propunha-se um novo paradigma para a apropriação do espaço e do tempo na circulação de pessoas nas cidades, ou seja, em vez de mais transporte, menos distâncias e menor necessidade de deslocação. Esses conceitos são fundamentais hoje para que a engenharia do tráfego possa ter eficácia. A lógica do transporte deve ir muita além de pensar na locomoção, deve servir de fio condutor para um novo padrão de comportamento.

Vou de bicicleta! Será?
A começar pela questão ambiental, é preciso repensar na deslocação dado que os veículos são os grandes poluidores. Cerca de 80% da população Portuguesa anda a pé ou utiliza o transporte público, mas os 20% que utilizam o automóvel particular ocupam mais de 70% do espaço das cidades.
E, está provado: as bicicletas são o segundo meio de transporte mais rápido para trajectos urbanos de em média 15 quilômetros. Só perdem para as motas. No entanto, não libertam monoxido de carbono para a atmosfera, fazem bem à saúde e tornam a cidade mais humana.
Desde que foi viver para Lisboa, em 2001, Alfredo Martins, 46 anos, advogado, decidiu que não iria depender do carro para se deslocar. “Decidi morar perto do trabalho. Dependo do metro, mas posso ir a pé”, afirma.
Segundo ele, seu projecto de usar a bicicleta fracassou porque não existe espaço para elas no trânsito de Lisboa. “Como sempre procurei respeitar a faixa da direita, vi que aqui não dava, porque em alguns sitios a direita é utilizada pelos autocarros, que passam a toda a velocidade. É um risco desnecessário”.
Só resta saber por que as bicicletas ainda se espremem nas avenidas. Se depender das leis, parece que as ciclovias ficarão só no papel e as cidades continuarão asfixiadas e paralisadas pelos congestionamentos. Se as bicicletas saíssem para as ruas e tivessem um espaço seguro para circular, certamente os benefícios seriam muito grandes para todos.

Dia Mundial Sem Carro
Para ajudar nessa consciencialização existem movimentos de pessoas a programar várias actividades para o dia 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro. O objetivo é levar a sociedade e o poder público a reflectir sobre o modelo actual de transporte e mobilidade urbana, pautado pelo transporte individual, que congestiona o trânsito e é o principal fator de poluição do ar.
A programação do Dia Mundial Sem Carro inclui “passeios de bicicleta” e o “desafio intermodal”, no qual pessoas diferentes realizam o mesmo percurso em diferentes meios de transporte para aferir o tempo de deslocação de cada um. Acredita-se que as coisas podem mudar devido ao problema ambiental dos grandes centros. "A crise do automóvel chegou ao limite. O uso excessivo dos carros está a causr um mal tremendo ao homem e exige-se aos administradores novas soluções para se deslocar na cidade".

Vai uma volta de BUGA?
Aveiro já há muito é conhecida como a Veneza Portuguesa, com a sua ria a penetrar por entre os bairros alegres. Mas há alguns anos ganhou uma nova comparação: a Amsterdão lusitana. Porque tal como esta cidade holandesa, Aveiro passou a convidar residentes e visitantes a aventurarem-se em passeios de bicicleta. Foi o nascimento das já famosas BUGA, disponibilizadas gratuitamente a todos os cidadãos, sem burocracias e com total liberdade: basta pegar, andar e largar.Esta iniciativa, inédita no nosso país, partiu da Câmara Municipal de Aveiro e integrou-se numa campanha global destinada a promover a cidade como "amiga" dos seus habitantes e visitantes. Bem explícito no slogan da campanha: "Aveiro. Uma cidade que gosta de ti!". Que também poderia ser: "BUGA numa cidade que gosta de ti!", porque foi esse o nome com que baptizaram as companheiras de viagem. Mas o nome BUGA encerra em si uma finalidade descritiva, pois é a sigla da Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro. Não se trata de uma cópia do que já é praticado noutras cidades mundiais, segundo a Câmara, mas sim uma ideia inspirada no que já é praticado noutros lugares, com as devidas adaptações às estruturas da cidade.As BUGA têm um design muito próprio e característico que as diferencia de qualquer outro engenho a pedais. Além de ter um quadro distinto, cabos e mudanças estão escondidos dentro das coberturas. Uma imagem diferente das habituais bicicletas que se prende, também, com o facto de se querer evitar que sejam objecto de furto.


Pegar, pedalar e largar
O programa iniciou com 200 bicicletas, distribuídas por diversos parques de estacionamento, construídos para o efeito, dispersos pela cidade. O sistema de uso é semelhante ao dos carrinhos de compra dos supermercados. Quem quiser pedalar introduz uma moeda no veículo que só recuperará ao deixá-lo num dos parques existentes: parques BUGA.Quanto às regras gerais de utilização, fique a saber que todos os cidadãos podem pedalar nas BUGA, com excepção das crianças. E o período de utilização decorre durante o dia. Além disso, o novo veículo municipal pode circular em qualquer local da cidade, havendo, no entanto, algumas pistas apropriadas de forma a facilitar a circulação do tráfego normal. As BUGA acabam por ser a marca de um estilo de vida mais saudável, em permanente relação com a natureza, fazendo da cidade um local privilegiado para se viver e, claro, para visitar.


Os próximos passos
Ao questionar sobre a forma como a nossa deslocação tem impacto no mundo actual, o consumidor consciente deve ter em mente:
· O meu transporte gera poluição? Há como reverter esse quadro?
· No caso do automóvel, eu utilizo-o somente quando não há outra forma de transporte?
· Como posso mudar as minhas deslocações e evitar o agravamento do transito?
· Há formas de eu me deslocar que causem menos impactos em mim e nas outras pessoas?
As perguntas são muitas. Mas, o importante é ter em mente que todo processo de consumo tem impacto e gera uma reacção em cadeia que acaba por nos afectar a todos. Nesse sentido, também a forma de nos transportarmos, as nossas escolhas podem trazer uma contribuição positiva tanto do ponto de vista social como ambiental e nosso exemplo pode mobilizar outras pessoas nessa mesma direcção.

Foi no ano de 1978 que os meus Pais deram inicio à longa caminhada que é a construção de uma casa.

Entre borocracias perde-se imenso tempo, ainda que na época estivesse tudo facilitado.

O terreno era de erança dos meus avós, claro que só ai já se poupou, muito dinheiro, mas logo a seguir começou, o fadário .

Contactado o arquitecto, e desenhador, foi feita a planta.

Planta essa não tinha a exigencia tecnica, existente nos dias de hoje. As preocupações da época eram tudo menos a economia de energia entre outras.

Mas com algus conhecimentos e a sugestão do desenhador a planta lá foi feita.

Com cerca de 13,5 metros de frente e 11,5 metros de fundo com uma área coberta total de cerca de 460 m2.

A casa é composta por um rés do chão amplo (loja) com uma divisão (WC).

No 1º andar a casa tem uma cozinha, uma sala comum, tres quartos e um quarto de banho.
(na minha descrição esxiste uma descrepancia em relação à planta apresentada, em virtude da mesma ter sofrido alterações, sem que as mesmas fossem alteradas na planta.)
Esta é a imagem actual da minha casa, tendo cerca de 608m2 de área coberta. É composta de rés do chão, 1º andar e sotão habitável.
Está situada no centro de um terreno com cerca de 480m2, tem como divisões anexas de apoio), uma churrasqueira com cerca de 5m2, uma lavandaria com 5m2, e uma cozinha exterior com 15,5m2. O restante terreno é distribuido entre jardim e um aparcamento lateral para 4 carros.

A quando da construção da casa, na decada de 70, ainda não havia grandes preocupações com o meio ambiente, nem tão pouco com a poupança de energia.

Acompanhada e orientada a sua construção pelo Eng. Jorge Anjinho, "já falecido" (ex Presidente da AAC OAF).

No entanto, e apesar de quase todos os dispositivos da casa serem electricos, (proporcionando desta forma uma factura bastante gorda de electricidade) temos algumas preocupações com os consumos de energia.

A casa foi construída em cima de um lençol de água, obrigando, a uma maior profundidade nas suas fundações, tendo no entanto a mesma sido construída, com sistema anti-sísmica.

Não se olhou a custos na construção da casa, de paredes exteriores duplas com caixa de ar, isolamento termico e acustico.

Todo o chão foi revestido a mosaico, para mais facil limpeza, e menor degradação, ainda que desta forma torne a casa mais fria.

Toda a casa, bem como jardins, são autonomos em relação à água, pois tenho um furo com cerca de 3 mts. de profundidade, com cerca de 2 mts de altura de água, tanto de verão como inverno.

Em estudo tenho algumas formas de energia alternativa, que para alem de alimentárem a casa em cerca de 60% poderão nas horas mortas "vender" alguma electricidade à EDP, sistemas que já podemos ver na cidade de Coimbra, a trabalhar em paralelo com paineis fotovoltaicos.

Fica aqui uma explicação extaída de um documento da EDV ENERGIA.

Sabia que pode produzir electricidade em sua casa?
Microgeração: chama-se microgeração à produção de electricidade pelo próprio consumidor, seja uma empresa ou um particular na sua casa, utilizando equipamentos de pequena escala, noeadamente painéis solares, microturbinas, microeólicas ou outro tipo de tecnologia. O diploma legal que torna possível a produção própria de energia é o Decreto-lei nº 363/2007 de 2 de Novembro.
Quem pode produzir electricidade? No âmbito deste diploma de microgeração, apenas os clientes que possuem um contrato de fornecimento de energia eléctrica em baixa tensão podem produzir electricidade. A electricidade produzida pode ser utilizada para consumo próprio, ou ser injectada na rede eléctrica. Cada cliente só pode injectar na rede uma potência até 50% da sua potência contratada (limite não aplicável aos condomínios).
Como proceder para produzir electricidade? Para instalar uma unidade de microgeração deve proceder ao seu registo no Sistema de Registo de Microprodução (SRM), mediante o preenchimento de formulário electrónico disponibilizado no sítio de Internet da Direcção Geral de Energia e Geologia (www.dgeg.pt), o qual só estará disponível a partir de Fevereiro de 2008.
Após o registo, tem 120 dias para instalar a unidade de microgeração e pedir o certificado de
exploração através do SRM. O certificado de exploração será emitido após uma inspecção ao
local da instalação.
O contador de electricidade deve ser colocado em local de livre acesso ao comercializador e ao
distribuidor de electricidade. Os equipamentos deverão estar certificados e tal poderá ser
comprovado através do Sistema de Registo de Miroprodução. Uma das alterações será a substituição dos contadores actuais por contadores de telecontagem, o que trará custos ao
consumidor, os quais ainda não estão definidos.
Quais as condições de venda de energia eléctrica à rede? Os produtores de energia eléctrica podem ter acesso a dois regimes remuneratórios: regime bonificado e o regime geral.
O regime geral é aplicável a todos os que tenham acesso à actividade, e que não obtenham acesso ao regime bonificado, que será ao comercializador de último recurso, como é o caso da EDP.
O regime bonificado é aplicável para unidades de microprodução com potência de ligação até 3,68 kW que utilizem as fontes de energia renováveis (solar, eólica, hídrica, cogeração, biomassa, pilhas de combustível a hidrogénio) e que cumpram as seguintes condições:
· Para o caso de unidades de cogeração a biomassa, estas têm que estar integradas no aquecimento do edifício;
· Para as unidades que utilizem outras fontes de energia, é obrigatório dispor de um colector solar térmico, com um mínimo de 2m2
· No caso dos condomínios é exigida a realização de uma auditoria energética ao edifício e a implementação das medidas de eficiência energética identificadas nessa auditoria com período de retorno até dois anos.
Para cada produtor no regime bonificado é definida uma tarifa única, de referência, aplicável à
energia produzida no ano da instalação e nos cinco anos civis seguintes. A tarifa única de referência aplicável a cada produtor aos primeiros 10 MW de potência de ligação registados a
nível nacional é de 650 €/MWh. A tarifa varia igualmente consoante o tipo de energia
renovável: 100% solar; 70% eólica; 30% hídrica; 30% cogeração a biomassa. A electricidade
que pode ser vendida à rede tem um limite de 2,4 MWh/ano (kW instalado) no caso de ser de
origem solar, e nos restantes casos, o limite de venda é 4 MWh/ano por kW instalado.
Quais os custos para o produtor de energia eléctrica? Para além de suportar todos os custos inerentes à compra e instalação de todo o equipamento de microgeração, o produtor tem de suportar os custos com o registo no Sistema de Registo de Microprodução (SRM) e com uma 2ª inspecção, se esta se verificar necessária. Também deverá pagar os custos de ligação à rede, incluindo o respectivo contador. No caso das instalações que utilizem energia eólica, ou que estejam em locais de livre acesso ao público, o produtor deve possuir um seguro de responsabilidade civil. É necessário ter em atenção que tudo isto terá um custo acrescido, o qual ainda não está definido.
Se eu quiser um sistema de microgeração em casa, a que empresas posso recorrer para efectuar a instalação? Somente empresas que estejam registadas no Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI) e registadas no Sistema de Registo de Microprodução (SRM) podem ser instaladoras de sistemas de produção de electricidade.
A ter em atenção, se pedir um orçamento para instalar um sistema de microgeração, deve
esclarecer alguns aspectos:
· O que está incluído no valor final do orçamento;
· Se a empresa está licenciada para esta actividade;
· Que a instalação eléctrica de sua casa está de acordo com o regulamento.
Saiba quanto pode ter de investir num sistema de microgeração para ser produtor de energia eléctrica
Para produzir electricidade numa habitação, como por exemplo através de um sistema
fotovoltaico, pode optar por consumir o que produz e vender o excedente à rede, ou vender tudo o que é produzido à rede e comprar a que necessita. Para já, o mais vantajoso será vender tudo o que produz à rede e comprar para seu consumo. Com uma instalação licenciada segundo o Decreto-Lei nº 363/2007 de 2 de Novembro, o investimento típico de um sistema com uma potência de 3,68kWp (máximo permitido no regime bonificado deverá se situar nos 30.000,00€ (valor meramente indicativo) o tempo médio de recuperação do investimento são cerca de 8,5 anos.

Mas muitas são as alternativas, fica aqui um pequeno video que nos mostra algumas delas.

Ao entrar no clube ainda restrito de micrgeração, ja estou a dar um passo para a diminuição do aquecimento global, e consequentemente para a redução da pegada ecologica

Mas o que é isso da Pégada Ecologica?

Pegada ecológica
A Pegada Ecológica é uma estimativa da quantidade de recursos necessária para produzir, de uma forma continuada, os bens e serviços que consumimos, e absorver ou eliminar todos os resíduos e poluentes que produzimos. Explicado por palavras simples, a pegada ecológica individual será calculada pela área em hectares que uma pessoa necessitaria para produzir os próprios alimentos, para obter água e energia para as suas necessidades, espaço para eliminar os seus lixos, e plantas verdes para capturar a poluição do ar produzido nas nossas actividades, transportes, aquecimento, etc.

Situação actual:
O valor mundial médio da Pegada Ecológica é de 2,9 ha por habitante.
Actualmente a Pegada Ecológica média mundial é 35% maior do que a capacidade de regeneração do planeta.
Ou seja, é necessário mais de 1 ano e de 4 meses para a Terra regenerar o que é utilizado e poluído num único ano.
O planeta em que vivemos já é pequeno demais e os recursos insuficientes para o padrão de vida que temos.
A pegada Ecológica Média de Portugal é cerca de 4,5 hectares globais por pessoa – duas vezes e meia acima da capacidade média aceitável para o planeta (1,8 hectares por pessoa).

Atenção às estatísticas

No fundo, tudo se resume à quantidade de poluição que cada um faz e à quantidade total de pessoas. Se uma única pessoa morando numa área de 10 ha tivesse uma pegada individual de 1 ha , a sua contribuição pessoal seria imensa, mas como era o único em toda a área a situação global era perfeitamente sustentável, porque a média da pegada ecológica seria de 0,1 ha . Pior seria se nessa mesma área de 10 ha houvesse 1000 pessoas (pequena aldeia), pois mesmo que cada uma tivesse uma pegada de “apenas” 0,2 ha , a pegada ecológica do conjunto seria de 200 ha . Portanto, neste último caso estaríamos 111 vezes acima da sustentabilidade do planeta.

As médias são feitas contando com muitas pessoas que estão muito abaixo dos padrões máximos exigidos para a sustentabilidade, e por outras que, embora em menor número, contribuem com quase toda a poluição e consumo excessivo de recursos. As idades influenciam também muito o tamanho da pegada ecológica.

Soluções:
Ou se diminui a população do planeta e continuamos o mesmo nível de consumo e de poluição; ou, mantemos a população e diminuímos os impactes negativos; ou, aumentamos a população e temos de reduzir enormemente os impactes no ambiente.
"Apertam-se os calos" aqueles que mais contribuem para os desequilíbrios.

Ao falar de pegada ecologica, temos forçosamente de falar de aquecimento global.

E o que é o Aquecimento Global?

O Aquecimento global é um fenómenos climático de larga extensão, um aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. O significado deste aumento de temperatura é objecto de análise por parte dos cientistas. Causas naturais ou responsabilidade humana?
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração de poluentes de origem humana na atmosfera é causa do efeito estufa. A Terra recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de radiação de calor. Os poluentes atmosféricos retêm uma parte dessa radiação que seria reflectida para o espaço, em condições normais. Essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global.
Denomina-se efeito de estufa à absorção, pela atmosfera, de emissões infravermelhas impedindo que as mesmas escapem para o espaço exterior.


O efeito de estufa é uma característica da atmosfera terrestre, sem este efeito a temperatura seria muito mais baixa. O desequilíbrio actual acontece porque este efeito está a aumentar progressivamente.
Os principais gases causadores do efeito de estufa são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) e CFCs (clorofluorcarbonetos). Actualmente as suas concentrações estão a aumentar. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera aumenta devido à sua libertação através da indústria, transportes e pela desflorestação (as plantas retiram o dióxido de carbono da atmosfera).
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que o aumento médio da temperatura foi de 0.5 ºC durante o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 a 1945 e 1976 a 2000.
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas que estão a diminuir, do aumento do nível global dos mares, do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo. Maiores períodos de seca, furacões mais intensos e inundações são cada vez mais frequentes.
O Protocolo de Quioto visa a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. Contudo os EUA, o maior poluidor mundial, ainda não assinou esse protocolo.

Mais de metade do lixo que produzimos todos os dias pode ser reciclado. Veja o que pode separar em casa e onde depositar os resíduos que não devem ser deitados no lixo indiferenciado.

Porque se devem separar os resíduos recicláveis?Reciclar materiais permite reutilizá-los como matéria-prima no fabrico de novos produtos, diminuindo o uso de recursos naturais (muitos dos quais não renováveis). Além disso, fabricar novos produtos a partir de materiais usados consome menos energia do que a partir de matérias virgens.
O sector dos resíduos contribui significativamente para a emissão de gases com efeito de estufa. Já a reciclagem é o processo de tratamento de resíduos com maior potencial de redução indirecta de emissões de CO2. Num momento em que o combate às alterações climáticas surge como um dos grandes desafios ambientais, é fundamental reciclar.
A reciclagem permite diminuir a quantidade de resíduos que tem como destino final os aterros sanitários, prolongando a vida útil destes últimos e evitando a construção de novos.
Os cidadãos devem participar activamente na correcta separação dos resíduos para posterior reciclagem. Este procedimento não se deve limitar às embalagens, mas incluir todos os resíduos passíveis de ser reciclados, como os óleos usados, electrodomésticos, pilhas, automóveis, etc.

O meu contributo é importante?

Para controlar os milhões de toneladas de resíduos originados todos os anos na Europa, foi criada legislação que impõe metas mínimas para a reciclagem de certos materiais, como o papel, vidro, plástico, metal, equipamento eléctrico e electrónico, pilhas e acumuladores, veículos em fim de vida, óleos usados, etc.
Em 2005 deveríamos ter reciclado, no mínimo, 25% dos resíduos que produzimos diariamente. Mas, os valores atingidos ficaram longe da meta. A recolha selectiva perfez apenas 9% dos resíduos produzidos, dos quais nem todos foram encaminhados para a reciclagem (devido aos refugos na operação de triagem).
Quanto aos resíduos de embalagem, há novas metas a atingir até 2011: 22,5% para o plástico, 50% para o metal, 60% para o vidro, papel e cartão, e 15% para a madeira. A sua contribuição é, por isso, muito importante. Não se esqueça de que a separação de resíduos para reciclar não está limitada aos ecopontos. Nos ecocentros também pode entregar outros materiais, como óleos usados, electrodomésticos velhos, madeira, etc.

Como separar as embalagens usadas?Separar em casa as embalagens usadas (metal, plástico, papel, cartão e vidro) é o primeiro passo para a sua reciclagem. Deve ter em conta algumas regras básicas:
se o seu município já faz a recolha selectiva dos resíduos orgânicos (restos de comida, por exemplo) com vista à compostagem, separe-os, então, das restantes embalagens que ainda não podem ser recicladas;
retire tampas e rolhas, pois, na maioria dos casos, são feitas de materiais diferentes da embalagem que vedam;
escorra o conteúdo das embalagens e, para evitar maus cheiros, passe-as por água (frascos ou garrafas de iogurte, por exemplo);
para poupar espaço, em casa e mesmo no ecoponto, espalme as embalagens (caixas, embalagens de cartão para alimentos como o leite ou sumos, garrafas e garrafões de plástico) sempre que possível;
embora práticos, os contentores específicos para separar os resíduos em casa não são imprescindíveis. Os sacos de plástico usados servem perfeitamente. Depois de os utilizar, deposite-os no contentor amarelo do ecoponto;
para colocar os resíduos domésticos no ecoponto, siga as indicações dadas pela autarquia.

Qual a diferença entre ecoponto e ecocentro?

O ecoponto é um conjunto de três contentores para recolha selectiva de embalagens usadas: o amarelo (para as de plástico e metal), o azul (para as de papel e cartão, jornais, revistas e papel de escrita) e o verde (para as de vidro). A este conjunto pode, ainda, estar associado um pequeno contentor vermelho para as pilhas.
O ecocento consiste num parque de grandes dimensões, que recebe embalagens usadas e outros resíduos, por exemplo, madeira, entulhos provenientes de construção e demolição, electrodomésticos, móveis, óleos minerais e vegetais, baterias de automóveis, etc. Mas, como nem todos os ecocentros estão preparados para receber os mesmos resíduos, verifique o que pode entregar no do seu concelho.
E não se esqueça: separar para reciclar não significa usar apenas o ecoponto!http://www.pontoverde.pt/

No meio-ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de lixo a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores; as emissões de gases como metano e dioxido de carbono; as agressões ao solo, ar e água; entre outros tantos factores negativos.
No aspecto económico a reciclagem contribui para a utilização mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de re-aproveitamento.
No âmbito social, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas, através das melhorias ambientais, como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas camadas mais pobres.

No Brasil existem os carroceiros ou catadores de papel, que vivem da venda de sucatas, papéis, latas de alumínio e outros materiais recicláveis deitados para o lixo. Também trabalham na colecta ou na classificação de materiais para a reciclagem. Como é um serviço penoso, pesado e sujo, não tem grande poder atrativo para as fatias mais qualificadas da população.

Catadores de recicláveis no lixão
Assim, para muitas das pessoas que trabalham na reciclagem (em especial os que têm menos educação formal), a reciclagem é uma das únicas alternativas de ganhar o seu sustento.
O manuseio de lixo deve ser feito de maneira cuidadosa, para evitar a exposição a agentes causadores de doenças.

No Brasil, a cidade que mais recicla seu lixo é Curitiba: atualmente, 20% de todo o lixo produzido - cerca de 450 toneladas por dia - são reciclados na capital do estado do Paraná.

A expansão das cidades é um facto inegavel. Coimbra, que é considerada de passagem, (devido aofacto de ter muitos residentes durante um periodo ficando quase desertificada, em algumas épocas do ano, a cidade de coimbra dada a sua história estudantil, diz-se que vive dos estudantes, pois nunca teve grande numero de empresas a se fixarem na sua área), cidade que durante muitos anos estagnou, virou um autentico estaleiro à uns anos para ca. Senão vejamos:

Metro Mondego
Hospital Pediatrico de Coimbra
Polo de Ciências da Saúde (Polo III)
Centro de Tecnologias Nucleares
Faculdade de Psicologia da UC (Polo II)
Residência de estudantes III (Polo II)
Conservatório Municipal
ECODUNA - Centro de Exposições e ateliers
Centro Cívico do Ingote
Centro de Diagnóstico Integrado de Coimbra
Eixo Praça 8 de Maio - Rio Mondego (Avenida Central)
4ª e 5ª Fase do Programa Polis
Pavilhão GimnoDesportivo
Coimbra iParque
Guarda Inglesa - Palácio da Justiça de Coimbra
Estação Intermodal
Centro de Congressos - Convento de S. Francisco
Museu do Convento de Santa Clara
Execução do Plano de Pormenor do Eixo Portagem/Av. João das Regras
Reabilitação da Rua da SofiaNova Estação Coimbra B e reconversão da zona da Casa do Sal
Parque Aventura - Projecto Hipernatura (Continente)
ITeCons - Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção
IFEUC - Instituto de Formação de Empresários da UC
Hotel Marriott SPA Coimbra
Pedrulha Retail Park
Residência Geriátrica Montepio
Quinta da Portela
Condomínio Zen
Projecto de Urbanização na Envolvente do Forum Coimbra
Casa Branca
Edifício Namora
Voimarães Residence
Park View
Ideal do Arnado
Casal Ferrão
Urbanização da Quinta da Fonte da Cheira
Bairro da Misericórdia
Loteamento habitacional em Eiras
Urbanização Alto do Sol
Condomínio Colina dos Sobreiros
Residências Argus
Colina das Bicas
Mirador Coimbra
Edifício de habitação e comércio (Solum - Junto ao Estádio)Empreendimento Lusorem
Elísio de Moura Plaza
Jardins do Mondego

A Câmara quer construir, em Bencanta, Centro de Alto Rendimento de Desporto.
O projecto, que está a merecer o apoio de federações portuguesas de modalidades como o futebol, patinagem ou basquetebol, foi apresentado ontem ao executivo camarário. Luís Providência considera-o «um projecto estruturante para a cidade e para o país».
O Departamento de Desporto da Câmara Municipal de Coimbra apresentou no dia 15 de janeiro de 2008 formalmente às entidades competentes um projecto para a construção, junto às instalações da Fundação Bissaya Barreto (FBB), em Bencanta, de um Centro de Alto Rendimento (CAR) de Desporto que pretende receber atletas e equipas profissionais de várias modalidades, que vão desde a ginástica ao judo, passando pelo rugby, hóquei, patinagem ou o futsal.
O projecto – uma evolução do Centro de Estágios de Bencanta que a autarquia tinha protocolado juntamente com a FBB – foi apresentado ontem ao executivo camarário pelo técnico responsável e por Luís Providência, vereador com responsabilidades na área, que, apesar de assumir que se trata ainda de um «processo em construção», considerou que, se tiver o “patrocínio” das várias federações e do Comité Olímpico Português e o aval do Governo, poderá ser «um projecto estruturante, na área do desporto, importante para a cidade, mas também para o país».
No fundo, a ser uma realidade, o CAR irá proporcionar aos desportistas de alta competição «as melhores condições de treino», tendo para oferecer a possibilidade de aumentarem o rendimento desportivo, de formação, podendo ainda ser um espaço para a captação de novos talentos nas modalidades para as quais estará mais vocacionado.


O que se pretende é, num terreno que deverá abarcar o actual espaço utilizado para as feiras dos 7 e dos 23, construir dois campos de jogos (um com relva sintética e outro com relva natural) – para futebol de 11, de 7 e rugby e para treinos – e respectivas estruturas de apoio, assim como um edifício para alojamentos (com restaurante e bar), um pavilhão com todas as condições para a prática de ginástica (acrobática e rítmica) e para o judo e outro onde será possível praticar basquetebol, futsal, hóquei em patins e até patinagem.

Argumentos de peso
O objectivo é, portanto, rentabilizar o espaço recebendo, em Coimbra, para estágios pontuais ou permanentes, equipas profissionais das mais diversas modalidades (nacionais ou estrangeiras) e ainda fazer do CAR uma escola de formação de jovens nos desportos para os quais está vocacionado. Um desafio que Luís Providência considera aliciante e que, como adiantou, estará a cativar as respectivas federações.
Já confirmado está o apoio das federações de Basquetebol e de Judo, tendo, ontem mesmo, a de Futebol manifestado a vontade de garantir naquele centro, em Coimbra, os estágios da Selecção Nacional de Futebol de 11 Feminina e todos os da Selecção de Futsal.
«Aguardamos resposta da Federação Portuguesa de Ginástica, de Trampolim e de Judo», adiantou Providência, confirmando ainda o apoio para este projecto do Comité Olímpico de Portugal, da FBB e da Universidade de Coimbra. Tudo argumentos de peso para a autarquia apresentar ao secretário de Estado do Desporto, que será quem irá decidir se o projecto do CAR Cidade de Coimbra tem «pés para andar» e pode ser candidatável a fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).
Victor Baptista considerou o projecto «desgarrado do que é o concelho de Coimbra», recordando que existem na cidade outros equipamentos desportivos (como o Estádio de Taveiro, os vários complexos de piscinas, o Estádio Universitário) que deveriam ser tidos em conta na elaboração do CAR. «Corremos o risco de construir equipamentos sobre equipamentos que depois não são utilizados», advertiu o socialista, aconselhando a autarquia a definir «um plano integrado conjugado».
Já Gouveia Monteiro considera que a câmara deveria preocupar-se mais em melhorar a rede desportiva disponível para a população em geral, recordando que haveria maior vantagem de orientar os espaços desportivos para o Pólo II, aproveitando para «levar o Parque Verde para a Portela».
Providência explicou que houve a preocupação de que os equipamentos do CAR pudessem ser utilizados pela população em geral. «Este equipamento é para ser utilizado pela cidade, nem que seja três horas por dia», esclareceu, recordando que este CAR é um “melhoramento” do projecto do Centro de Estágios de Bencanta, já previsto, e que é a «única forma existente de aceder a fundos comunitários». «O QREN só financiará relvados de concelhos que não têm e Centro de Alto Rendimento. Se quisermos ter apoio é por aqui que temos de ir», rematou.

Uma nova Pousada da Juventude, em Coimbra, deverá ser construída na margem esquerda do rio Mondego. O local escolhido para a implantação da nova estrutura será a zona do complexo desportivo, que integra o futuro Centro de Estágios, em Bancanta.
A Movijovem, entidade que gere as pousadas, já fez chegar à Câmara Municipal o interesse em construir uma nova pousada de raiz na cidade, por forma a substituir a actual, instalada na Rua António Henriques Seco, cujas condições começam a ser insuficientes para dar resposta às necessidades da procura. Um protocolo recente entre a Câmara e a Fundação Bissaya Barreto permite edificar em Bencanta um ambicioso complexo desportivo que prevê um pavilhão, piscina coberta, pista de atletismo, três campos de râguebi, um centro de estágio e a Pousada de Juventude.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

RVCC 6ª Sessão

Mais uma sessão.

Não costumo começar, um post, sem fazer uma resenha do que se passou na sessão de grupo, mas nada há para dizer a não ser que foi a continuação da anterior e sua conclusão.

Apraz-me antes falar-vos da mudança iniciada no mundo na passada terça feira (pelo menos é o sentimento geral de espectativa) com a tomada de posse de Barack H. Obama, 44º Presidente dos Estados Unidos da América.
Poderia até falar do nosso país, e de muitos que têm e tiveram valor Histórico, mas com a crise, e o desalento politico que impera no nosso País, prefiro falar daquele que esperamos, seja um ponto de viragem na politica mundial, (Barack H. Obama) e de outro que marcou o mundo ao igualar os direitos dos negros aos restantes (Martin Luther King).

Antes dele muitos tentaram de todos vou falar um pouco daquele que marcou a humanidade.

REVERENDO MARTIN LUTHER KING Junior

Líder da população negra norte-americana, nasceu em 1929, em Atlanta, e morreu assassinado em 1968, em Memphis. O seu protagonismo foi decisivo para a declaração de constitucionalidade da segregação racial dos negros. Eloquente ministro baptista, liderou o movimento a favor dos direitos civis da América Negra nos anos 50 até ao seu assassinato em 1968.
Casou com Coretta Scott, em 1953, e tiveram quatro filhos. Em 1955 uma mulher negra tinha-se recusado a ceder o seu lugar sentado no autocarro a um passageiro branco, pelo que fora presa por violar a lei da segregação racial. Os activistas negros formaram em Montgomery uma associação com o objectivo de boicotar o trânsito e escolheram Luther King para seu líder. O boicote durou 381 dias e em 1956, o Supremo Tribunal declarou inconstitucional a lei de segregação nos meios de transporte. Entre 1960 e 1965, a influência de King atingiu o auge. Em 1960 foi preso e o caso assumiu proporções nacionais. A estratégia de liderar um movimento activo mas não violento levou à adesão de muitos negros e de brancos liberais em todas as partes do país, tendo estas acções contado com o apoio da administração Kennedy. Em 1963, mostrou ao mundo a importância de resolver os problemas raciais através de uma marcha pacífica em Washington pelos direitos humanos, em que participaram mais de 200 000 pessoas. Nesse dia proferiu a célebre frase "I have a dream" num discurso em que fez uso de frases bíblicas, no qual proferiu o seu sonho de um dia ver brancos e negros juntos. Em 1964 foi aprovada a lei que acabaria com a segregação racial. Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1964. A 4 de Abril de 1968 foi morto por um atirador quando estava na varanda de um hotel com alguns acompanhantes. Em 1969 a acusação recairia sobre o branco James Earl Ray, que foi condenado a 99 anos de prisão. O Congresso americano votou a favor de um feriado nacional em sua honra, que começou a ser celebrado a partir de 1986 na terceira segunda-feira de Janeiro.


Martin Luther King foi um dos três filhos de um ministro baptista negro, Martin Luther King Sénior, e de Alberta King, professora, e nasceu a 15 de Janeiro de 1929.Sabias que quando nasceu deram-lhe o nome de Michael? Por volta dos 6 anos mudaram-lhe o nome para Martin.
Era muito bom aluno e licenciou-se em Teologia (estudo da religião e questões religiosas), na Pensilvânia, em 1951. Mais tarde, doutorou-se na Universidade de Boston, em 1955.
Casou com Coretta Scott, em 1953, e tiveram quatro filhos.
Em 1954 tornou-se ministro da igreja baptista de Montgomery, no Alabama.
Em 1955, Rosa Parks, membro da sua paróquia, foi presa por se ter recusado a dar lugar a uma pessoa branca no autocarro.Na altura, nos EUA, sobretudo nos estados do Sul havia segregação (separação) nos locais e transportes públicos entre negros e brancos.
Surgiram grandes protestos e a comunidade negra decidiu recusar-se a usar os transportes públicos da cidade enquanto a segregação se mantivesse.
Martin atraiu as atenções do país e do mundo como líder daquilo que ficou conhecido como o «boicote dos autocarros de Montgomery».
Iniciou-se assim uma resistência pacífica para alcançar a igualdade entre negros e brancos, inspirada nos ensinamentos de Gandhi.
Esse boicote durou 382 dias (mais de um ano!). King foi preso, espancado, e até puseram uma bomba na sua casa...Terminou quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos declarou inconstitucional a separação racial nos transportes públicos (a 21 de Dezembro de 1956).
Martin obteve assim a sua primeira vitória pelos direitos civis.
Em 1957, fundou e foi eleito presidente da Conferência de Líderes Cristãos Sulistas, uma organização pacifista de defesa dos direitos civis.Os ideiais eram os cristãos e as técnicas de protesto eram inspiradas nas de Gandhi.

Entre 1957 e 1968, Martin viajou mais de nove milhões e seiscentos mil quilómetros e discursou mais de 2500 vezes, aparecendo onde havia injustiças, protestos e acção. Nesse período escreveu cinco livros e numerosos artigos.
Nesses anos, para além dos protestos em Birmingham, Alabama, (brutalmente reprimidos pela polícia), Martin escreveu a «Carta de uma Prisão de Birmingham», um manifesto contra a discriminação racial, e planeou marchas para que os negros pudessem votar.
Em 1960 mudou-se para Atlanta, capital do Estado da Georgia (um dos Estados Sul dos EUA com mais negros descendentes dos escravos).
Foi um dos organizadores da marcha pacífica que reuniu mais de 250 000 pessoas (de todas as raças) até Washington DC (em Agosto de 1963), em que exigia igualdade racial.
Foi em Washington, em 28 de Agosto de 1963, com um enorme público, que proferiu o seu famoso discurso l Have a Dream («Eu tenho um sonho»).




Encontrou-se com o presidente John F. Kennedy e fez campanha para o presidente Lyndon B. Johnson.Foi preso mais de vinte vezes e agredido pelo menos quatro! Mas nunca desistiu.
Recebeu títulos honorários e foi a «Personalidade do Ano» da revista Time, em 1963.Em 1964, Martin viu a sua acção reconhecida com a atribuição do Prémio Nobel da Paz. Com 35 anos foi o mais jovem galardoado com esse prémio!
Em 1968, quando se deslocou a Memphis, Tennessee, para apoiar uma greve, foi assassinado a tiro por um fanático branco, James Earl Ray.
Mas a sua luta não morreu. Em 1969, a sua viúva, Coretta Scott King, organizou o Martin Luther King Jr. Center for Non-Violent Social Change (Centro Martin Luther King Jr. para a Mudança Não-Violenta) que actualmente está situado perto da sua igreja baptista, a Ebenezer Baptist Church, em Atlanta.
O dia do seu aniversário (15 de Janeiro) é feriado nacional nos EUA, comemorado anualmente na terceira segunda-feira do mês de Janeiro.
O Hotel Lorraine, onde Martin Luther King foi assassinado, é hoje o Museu Nacional dos Direitos Civis.


Duas frases ficaram célebres a primeira do Reverendo Martin Luther King, "...I have a dream...", (...Eu tenho um sonho...). A segunda de Barack Obama, "Yes we Can...", (Sim nós podemos...), esta ultima num passado extremamente recente.



Barack Hussein Obama II (Honolulu, 4 de agosto de 1961) é um político dos Estados Unidos da América, sendo o 44º e actual presidente de seu país, pelo Partido Democrata. Sua candidatura foi formalizada pela Convenção do Partido Democrata em 28 de agosto de 2008. Tomou posse a 20 de janeiro de 2009. Até então, era senador pelo estado de Illinois. Obama foi o primeiro negro (afro-americano no contexto estadunidense) a ser eleito presidente estadunidense. Foi também o único senador afro-americano na legislatura anterior.
Graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque, para depois estudar Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review.
Obama actuou como líder comunitário e como advogado na defesa de direitos civis até que, em 1996, foi eleito ao Senado de Illinois (Orgão integrante da Assembléia Geral de Illinois, que constitui o poder legislativo local), mandato para o qual foi reeleito em 2000. Entre 1992 e 2004, ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago.
Tendo tentado, em 2000, eleger-se, sem sucesso, ao Congresso dos Estados Unidos, anunciou, em janeiro de 2003, sua candidatura ao Senado dos Estados Unidos. Após vitória na eleições primárias, foi escolhido como orador de honra para a Convenção Nacional do Partido Democrata em julho de 2004. Em novembro, foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois com 70% dos votos. Em 4 de janeiro de 2005 assumiu o atual mandato, o qual tem duração até 2011.
Como membro da minoria democrata no período entre 2005 e 2007, ajudou a criar leis para controlar o uso de armas de fogo e para promover maior controle público sobre o uso de recursos federais. Neste período, fez viagens oficiais para o leste europeu, o oriente médio e África. Na atual legislatura, contribuiu para a adoção de leis que tratam de fraude eleitoral, da atuação de lobistas, mudança climática, terrorismo nuclear e assistência para militares americanos após o período de serviço.



Infância, formação e início da carreira


Barack Hussein Obama II nasceu em 4 de agosto de 1961 em Honolulu, no estado estadunidense do Havai, filho de Barack Obama, Sr., um economista Queniano, nascido em Nyang’oma Kogelo, distrito de Siaya, Quénia e de Ann Dunham, antropóloga estadunidense, branca, nascida em Wichita, no estado do Kansas, Estados Unidos. Seus pais conheceram-se enquanto frequentavam a Universidade do Havaí em Manoa, onde seu pai era um estudante estrangeiro. Eles separam-se quando Obama tinha dois anos de idade, divorciando-se em seguida. Seu pai retornou ao Quênia, encontrando-se com o filho apenas mais uma vez antes de falecer em um acidente de automóvel em 1982, quando seu filho Obama tinha 21 anos.
Após o seu divórcio, Ann Duham casou-se com o indonésio Lolo Soetoro. A família mudou-se para o país natal de Soetoro em 1967, tendo Obama frequentado escolas em Jakarta até os dez anos de idade. Ele retornou para Honolulu para morar com seus avós maternos. Em Honolulu, frequentou a escola Punahou, desde a quinta série do ensino elementar americano, em 1971, até a graduação no ensino secundário, em 1979, com 18 anos.
A mãe de Obama retornou ao Havaí em 1972, quando o filho tinha 11 anos, lá permanecendo por muitos anos. Voltou à Indonésia por alguns períodos para o desenvolvimento de trabalho de campo. Ela defendeu tese de doutoramento em antropologia pela Universidade do Havaí em 1992. Faleceu de cancro nos ovários em 1995, quando Obama tinha 34 anos.



Já adulto, Obama admitiu ter usado cocaína, marijuana e álcool durante o ensino médio, tendo classificado, em evento na actual campanha eleitoral como seu maior erro do ponto de vista moral.
Após concluir o ensino secundário, com 18 anos, Barack Obama mudou-se para Los Angeles, onde estudou no Occidental College por dois anos. Em 1981, com 20 anos, transferiu-se para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde se graduou 2 anos depois em ciência política, com especialização em relações internacionais. O seu pai faleceu neste período. Obama obteve o título de bacharel de artes em 1983, com 22 anos, quando foi trabalhar por um ano na empresa Business International Corporation, hoje parte do grupo que publica a revista The Economist e em seguida para a organização sem fins lucrativos New York Public Interest Research Group.
Após quatro anos na cidade de Nova Iorque, Obama mudou-se para Chicago com 24 anos, para trabalhar como agente comunitário entre junho de 1985 a maio de 1988 como director da Developing Communities Project (DCP), uma associação comunitária religiosa originalmente composta por oito paróquias católicas, na região da grande Roseland (Roseland, West Pullman, e Riverdale) ao sul de Chicago.

Nos seus três anos como director da DCP, sua equipa passou de 1 para 13 pessoas e seu orçamento anual cresceu de 70 mil dólares para 400 mil dólares, tendo conseguido, entre outros resultados, auxiliar :
-a criação de um programa de educação para o trabalho,
-a criação de um programa de mentoria para a preparação para o estudo universitário, e
-o estabelecimento de uma organização de defesa dos direitos de inquilinos na região de Altgeld Gardens, em Chicago.
Obama também trabalhou como um consultor e instrutor para a fundação Gamaliel, um instituto que dá consultadoria para associações comunitárias. Em meados de 1988, com 27 anos, ele viajou pela primeira vez à Europa, onde permaneceu por três semanas, indo em seguida ao Quênia, onde permaneceu por cinco semanas, encontrando-se pela primeira vez com alguns de seus parentes.
Obama ingressou na escola de direito de Harvard no final do mesmo ano de 1988. No final do seu primeiro ano na escola, foi escolhido como editor da revista Harvard Law Review, em função das suas notas e de uma competição de redação. No seu segundo ano na escola, foi escolhido presidente da revista, uma posição voluntária de tempo-integral, assumindo as responsabilidades de editor-chefe e supervisionando uma equipa de 80 editores. A eleição de Obama como primeiro presidente afro-americano da revista teve ampla cobertura jornalística, sendo objeto de longas reportagem sobre ele. Ele obteve o título de doutor em direito por Harvard em 1991, com 30 anos, graduando-se com um louvor. Retornou então a Chicago onde já havia trabalhado, inclusive nos períodos de férias de verão de 1989 e 1990, para os escritórios de direito Sidley & Austin e Hopkins & Sutter, respectivamente.
Em 1992, casou-se com Michelle Obama.
A publicidade associada à sua eleição como primeiro afro-americano presidente da Harvard Law Review resultou em um contrato e adiantamento para que ele escrevesse um livro sobre questões relacionadas com a raça. Um esforço para contratar Obama para o seu corpo docente, a escola de direito da Universidade de Chicago ofereceu-lhe uma posição na pesquisa e um escritório onde poderia trabalhar no seu livro. Ele planeara terminar o livro num ano, no entanto a tarefa consumiu muito mais tempo à medida que evoluiu para um livro de memórias. Com o objectivo de trabalhar sem interrupções, Obama e a sua esposa, viajaram para Bali, onde passou alguns meses a escrever. O manuscrito foi finalmente publicado como Dreams from My Father.





em meados de 1995, quando Obama estava com 34 anos. Obama dirigiu a iniciativa Project Vote em Illinois entre abril e outubro de 1992. O projecto, voltado para o registro de eleitores, contava com 10 funcionários e 700 voluntários. Ele atingiu seu objectivo de registar 150 mil dos 400 mil afro-americanos não registrados do Estado, motivando a revista Crain's Chicago Business a incluir, em 1993, Obama na sua lista de líderes promissores com menos de 40 anos.
Em 1993, Obama juntou-se à firma Davis, Miner, Barnhill & Galland, um escritório de direito composto por 12 advogados especializado em casos de direitos individuais e desenvolvimento economico de vizinhanças, exercendo como advogado associado por três anos, entre 1993 e 1996. Entre 1996 a 2004 possuiu o título de Counsel, (conselheiro) posição de maior independência, não tendo porém exercido entre 2002 e 2004.
Em 1992, Obama foi membro fundador da mesa directora da organização sem fins lucrativos Public Allies, renunciando ao cargo antes de sua esposa se tornar a primeira directora executiva da Public Allies, Chicago, no início de 1993. Entre 1993 e 2002, foi membro da mesa directora da fundação filantrópica Woods Fund of Chicago, que, em 1985, foi a primeira fundação a financiar o trabalho de Obama no DCP. Participou da mesa directora da fundação Joyce entre 1994 e 2002. Entre 1995 e 2002 participou na mesa directora do Chicago Annenberg Challenge, tendo sido fundador e presidente. Participou também da mesa directora das seguintes organizações: Chicago Lawyers' Committee for Civil Rights Under Law, Center for Neighborhood Technology, e Lugenia Burns Hope Center.

Video da tomada de posse de Barack Houssein Obama.



Os dados estão lançados a expectativa é grande, será que Barack H. Obama vai superar as expectativas?



Claro que na história já fica, como o primeiro presidente afro-americano da história, mas por outrs motivos seria bem melhor.

Não entrando muito em politicas um dos pontos do programa de Obama é o meio ambiente.

Tambem nós por cá vivemos algumas guerras com o meio ambiente.

Todos os dias lemos nos jornais que a associação ambientalista X tomou esta posição....

Mas vamos a casos concrectos:

- O tão falado aeroporto, já teve tantas localizações...., será ele mesmo necessário?

Segundo o Ministro dos transportes e Comunicaçõses, sim. http://www.portugal.gov.pt/Portal/Print.aspx?guid=%7B23F69240-884C-41FD-838D-293C9CD98A71%7D

A propósito do aeroporto da portela escreveu-se o seguinte:

Segundo o relatório do IX Congresso da Associação Internacional Permanente dos Congressos da Estrada, Lisboa, 1951, o aeroporto de Lisboa tem pistas em macadame ordinário que, para disfarçar, foram revestidas com betão betuminoso. Um embuste sofrido pela nação durante tantos anos obriga um governo justo à feitura dum novo aeroporto como compensação.

Em busca de informação na internet para sustentar este tema, fui parar a uma página que vou transcrever aqui na integra "http://www.areamilitar.net/".

Aeroportos em Portugal: Estudos e Bom Senso

Antecedentes

O tema desta análise não se relaciona directamente com questões militares excepto quando as últimas duas localizações referidas para o possível futuro aéroporto de Lisboa são ou onde já se encontram instalações da Força Aérea, ou onde a Força Aérea efectua exercicios de tiro.
A importância e dimensão estratégica do investimento, bem como as suas possíveis consequências para o futuro do país, levam no entanto a que pelo menos nos permitamos coligir alguns dados e colocar algumas questões, perante uma «quase decisão» que práticamente ninguém entende.
A análise, tem em atenção as duas opções para a construção do novo Aeroporto Internacional de Lisboa, que o governo de Portugal aceitou que fossem analisadas. As duas opções correspondem a um aeroporto na região da Ota, e a um aeroporto na área correspondente ao Campo de Tiro de Alcochete, que é referido também como «C.T.A.» nos mapas e gráficos.

A questão do novo aeroporto para Lisboa, ou para a região de Lisboa, já se discute há muitos e muitos anos.Ainda nos anos 60, a questão do novo aeroporto foi discutida, para se determinar qual poderia ser a localização de um aeroporto destinado a substituir o actual aeroporto da Portela em Lisboa. Os primeiros estudos, efectuados depois da construção da então «Ponte Salazar», actual «Ponte 25 de Abril». Desde logo e por essa razão o primeiro estudo, realizado em 1969 apontou a margem sul do Tejo na região de Rio Frio, como a mais lógica para a construção de um futuro aeroporto de Lisboa.
Os vários estudos efectuados desde 1969, apontaram vários caminhos e várias opções as quais se descrevem na tabela seguinte:

É interessante notar que nenhum dos estudos realizados, salvo o de 1990, aponta a Ota como a melhor opção. Entre as possibilidades consideradas contaram-se desde o inicio a própria Portela, Fonte da Telha, Montijo, Poceirão, Rio Frio, Ota, Alcochete (CTA) / Porto Alto.
Quando a questão da construção do aeroporto começou a ser mais premente, porque a necessidade da sua construção passou a ser evidente no terreno, os governos trataram de analisar mais profundamente os vários cenários possíveis de forma a tomar uma decisão.
Ainda nos anos 80 e 90, a opção mais discutida e mais adequada, parecia claramente ser a que localizaria o novo aeroporto numa região chamada de «Rio Frio» no município de Palmela, na margem sul do Tejo. Na altura afirmava-se que a desvantagem dessa opção decorria da necessidade da construção de uma segunda travessia sobre o Tejo, que teria que ligar o Montijo a Lisboa. Essa via de ligação foi entretanto construida e chama-se «Ponte Vasco da Gama».
A opção por Rio Frio – que se localizava numa planície - tinha um numero considerável de apoios, de entre os quais o de muitos dos pilotos que se pronunciaram sobre a questão, o que nem se pode considerar como especialmente relevante, pois por uma simples questão de bom senso a opção pelo novo aeroporto de Lisboa faria sentido não só num local relativamente próximo da cidade, como num local que não oferecia problemas de maior à navegação aérea.




António Guterres: Compromissos com ecologistas, governo «dialogante» e sem vontade de impor decisões.A sua maleabilidade, levou a que aceitasse com facilidade a opção por outra solução, quando os movimentos ecologistas apontaram os problemas ecológicos de Rio Frio.



A opção por aquela localização, que já vinha sendo apontada desde os anos 60, parecia em meados dos anos 90 relativamente pacífica, tendo sido feitos estudos mais pormenorizados com vista a avançar com o projecto.
No entanto, em 1994-1995 o país assiste à famosa polémica de Foz Côa, localidade onde se pretendia construir uma barragem hidroeléctrica, num lugar onde tinham sido descobertas gravuras do período paleolítico.
A questão de Foz Côa, foi aproveitada eleitoralmente pelo partido político que acabou por ganhar as eleições, tendo uma campanha contra a construção da barragem ficado conhecida pela frase “As gravuras não sabem nadar”, quando a própria UNESCO afirmou que seria possível construir a barragem, protegendo as gravuras.
É neste tipo de ambiente politico que chega ao poder em Portgal António Guterres. A obstrução e a destruição do projecto de Foz Côa, tiveram resultados claros:Por um lado, o partido do governo ficou devedor a alguns movimentos ecologistas, o que levou a que aqueles ganhassem mais poder junto do governo ou do partido do governo.
Ficou assim delimitada a fronteira, e demonstrada a eficácia dos movimentos ecologistas. Em 1999, houve novamente eleições em Portugal e perante a afirmação de que havia problemas na opção Rio Frio e de que os militares não queriam o aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, o governo decidiu pela solução mais simples, evitando problemas com os militares e com os movimentos ecologistas:
O aeroporto seria na Ota, mas sem que a opção por aquela localização tivesse alguma vez sido apresentada como a melhor e sem que nenhum dos estudos que também foram feitos para as outras localizações fosse sequer iniciado.
Santana Lopes e Durão Barroso: Barroso começou a governar meses após o mundo ter sido atingido pelo 11 de Setembro, e pelas fracas previsões para o crescimento do trafego aéreo. Lopes, não tinha nenhuma ideia sobre o assunto. O novo aeroporto caiu no esquecimento, saiu da «Ordem do dia» e não foram feitos quaisquer estudos sobre a opção Ota para verificar qual o impacto ambiental da sua construção, embora Guterres tivesse dado o OK para que se avançasse.

Ao governo de António Guterres, sucedeu Durão Barroso, que ganhou as eleições em 2002.
Durão Barroso chega ao poder seis meses depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, altura em que as viagens aéreas foram fortemente afectadas. Durante a campanha eleitoral dá a entender que o projecto do novo aeroporto não é vital nem urgente. Desta forma, a construção fica adiada, e embora já tivessem sido detectados problemas ambientais em Rio Frio, a decisão de atrasar a construção do novo aeroporto de Lisboa leva a que nada se faça para estudar com profundidade os problemas ambientais que se levantam com a construção de um aeroporto na Ota, vista então como a última alternativa viável.
A saída de Durão Barroso em 2005, e a chegada ao poder de outro partido, com José Sócrates como primeiro ministro, vem mais uma vez complicar as coisas.
Em 2005, o 11 de Setembro de 2001 já está longe e as previsões voltam a apontar para um crescimento das viagens aéreas, que acabarão por saturar completamente o actual aeroporto de Lisboa. Sócrates, que pretende dar ao país uma imagem dinâmica de quem não espera para tomar decisões e as toma quando estas são necessárias, decide agir, mas acaba por agir da pior forma possível, sem se preocupar com as consequências, e aparentemente indiferente ao facto de não haver sequer estudos de impacto ambiental feitos.
Sócrates sabe apenas que a opção Rio Frio foi descartada por razões ambientais, e que à falta de melhor, há a opção Ota, que foi «a opção» de Guterres, por pressão dos ecologistas.


José Sócrates: Quando chega ao poder, tem um estudo a dizer que não pode construir em Rio Frio, mas não entende (ou não quis entender) que não foram feitos os mesmos estudos ambientais para a Ota.Mal acessorado e mal aconselhado, Socrates é levado a avançar sem pensar, movido pela necessidade premente de construir o aeroporto de Lisboa, porque com o fim do efeito «11 de Setembro» a Portela começa a apresentar problemas graves na gestão de trafego às horas de ponta.


José Sócrates viu-se forçado a tomar uma decisão, e a única coisa que tinha em mão era um estudo que dizia que «Rio Frio» não é uma boa localização, e memorandos a dizer que a outra opção era construir o aeroporto na Ota.Sócrates apressou-se, e avançou não porque a Ota fosse a melhor opção, mas porque a sua política económica necessitava urgentemente de grandes obras para tentar reactivar a economia.
Ocorre que ao que tudo indica, a decisão foi apressada, não foi minimamente reflectida, e a cada passo que se dá e a cada comparação mesmo mínima que se faz, a escolha da Ota, é cada vez mais complicada de explicar e impossível de defender.:
Embora a pressão provocada pelo aumento do tráfego aéreo na Portela diga que é necessário construir o aeroporto tão rapidamente quanto possível, é o bom senso que diz que a construção do Aeroporto Internacional de Lisboa na Ota não faz sentido.
A escolha da Ota, não só não faz sentido perante a Opinião Pública como perante uma análise fria e racional de factores económicos, geográficos, demográficos e técnicos nenhum dos alegados estudos que apontam a Ota como solução, consegue resistir à mínima comparação e ao mínimo escrutinio.
Tentamos nos pequenos apontamentos seguintes, reunir alguns dados conhecidos, retirados do site do Instituto Nacional de Estatísticas, os quais que permitem apontar incongruências e levantar dúvidas. Essas dúvidas não são naturalmente as dos técnicos e engenheiros responsáveis pelos estudos e pelos relatórios apresentados às entidades oficiais.
As dúvidas que se levantam , são as do cidadão comum.Dúvidas que devem ser esclarecidas especialmente quando os estudos concluem num sentido que vai completamente contra o senso comum.
Quando os estudos vão contra o bom senso, ou eles são muito, mas muito bem explicados perante a Opinião Pública, ou então não são considerados estudos mas sim embustes unicamente destinados a servir como panfleto para enganar os incautos.

O aeroporto e a Região Metropolitana de Lisboa
O futuro aeroporto, deverá substituir o aeroporto da Portela de Sacavém, a nordeste de Lisboa inaugurado no final dos anos 40.
A Portela, transformou-se no mais importante aeroporto de Portugal, com um numero de passageiros que ultrapassou já os 10 milhões por ano, que é considerado o limite para aquele aeroporto, estando a decorrer obras, entre as quais se contam um segundo terminal doméstico, o que elevará a capacidade do aeroporto para 16 milhões de passageiros por ano.



Mapa da região centro-sul-oeste de Portugal, onde se insere a região metropolitana de Lisboa, que é de onde provém a esmagadora maioria do trafego do aeroporto internacional.
No entanto, a Portela está limitada pela sua localização geográfica, encravado no que é quase uma zona central de Lisboa e sem possibilidade de crescimento.Embora tenha duas pistas, na realidade apenas uma delas a 21/03 funciona adequadamente pois é a única com ILS (Instrument Landing System) que permite a aterragem automática de aeronaves. A segunda pista, com uma orientação diferente, é mais pequena e por isso só pode ser utilizada por aeronaves mais pequenas, especialmente para operações de descolagem, não tem ILS e não pode ser aumentada.
O aeroporto de Lisboa, é também, o aeroporto que serve a Região Metropolitana de Lisboa, a mais populosa e industrializada região de Portugal.O Aeroporto serve para o transporte de passageiros e mercadorias que servem o mercado de empresas de exportação e importação que existem na região metropolitana, as quais são os seus principais clientes e usuários.



Imagem de satélite do aeroporto de Lisboa. A vermelho as zonas habitadas.O aeroporto não tem possibilidade de expansão, e o layout das suas pistas e pistas de acesso (taxiways) é complexo e exige o atravessamento da pista 21 para atingir o topo durante a operação de descolagemou quando da aterragem na pista 03 de aeronaves maiores, em que seja necessário utilizar o topo norte da pista.


Mas o facto de o aeroporto de Lisboa estar “trancado” no meio de uma área urbana sem possibilidade de crescimento não é o único problema.Além do aumento do numero de voos das companhias aéreas de baixo custo, o aeroporto de Lisboa, por causa do seu Layout, não permite que as aeronaves de grande porte se liguem directamente ao terminal.



Airbus A-340 da TAP (acima) e Boeing B-747. Estes dois aviões podem aterrar no aeroporto da Portela, mas não podem aproximar-se dos terminais. Não é possível um passageiro descer através de uma manga, entrar no terminal, para se dirigir a um avião de ligação.

Os passageiros de voos de longo curso que chegam à Portela, têm que ser movimentados através de autocarros (onibus) entre o avião e o terminal.
A possibilidade de a Portela se transformar num «HUB» com capacidade de competir internacionalmente depende de desenvolver a capacidade de explorar as ligações de voos intercontinentais com voos europeus com um tempo de espera mínimo e isso exige transferências rápidas de passageiros entre aviões que não são possíveis com o transvase de passageiros do avião para o autocarro, do autocarro para o terminal, e depois do terminal para o avião (quando não é novamente necessário utilizar um autocarro).
Este problema, e não a questão falsa das empresas «Low Cost» é o mais grave no aeroporto da Portela em Lisboa.
As modificações para permitir esse tipo de operação, implicam a construção de um terminal completamente novo, o encerramento da pista mais pequena e um arranjo caríssimo, que faz com que seja economicamente mais vantajoso construir um terminal de raiz noutro local.
Além disto, embora não seja previsível essa necessidade, mesmo que na Portela seja construído um terminal novo mesmo assim o aeroporto não tem capacidade para sequer receber o novo Airbus A-380.


O novo aeroporto e o turismo
Entre os vários factores a considerar, um dos mais importantes é o do impacto que o novo aeroporto terá na industria turística, ainda mais quando a região metropolitana de Lisboa é responsável por praticamente 30% das receitas do turismo a nível nacional.
O futuro aeroporto, será inevitavelmente da maior importância nesta área e é por isso importante analisar quais são os principais «pontos turísticos» e aqueles onde a industria do turismo está mais desenvolvida.
No mapa e gráfico que mostramos de seguida, estão assinalados os principais municípios da região metropolitana de Lisboa onde o numero de camas é mais significativo.




[Fig.1] - Na região metropolitana de Lisboa, 97% das camas encontram-se nos municipios litorâneos que têm praias voltadas para o Atlântico, ou em Lisboa. A azul claro no mapa, incluiram-se camas do municipio contíguo de Torres Vedras, pela sua importância numérica (1200) e a sul, incluiram-se cerca de 900 camas correspondentes à parte do municipio de Grândola, que por razões geográficas está tradicionalmente ligada a Setúbal embora não faça administrativamente parte daquele município. A região é conhecida como Tróia, na margem sul do rio Sado.
A verde escuro estão os municipios do litoral e a verde claro os restantes municipios da região metropolitana de Lisboa.

Nota-se que os municípios com numero mais significativo de camas disponíveis estão todos situados no litoral dos distritos de Lisboa e Setúbal, numa faixa que vai desde Torres Vedras até Setúbal, incluindo Lisboa, que embora não tenha costa atlântica, é o polo mais importante deste grupo de municípios turísticos, representando de 54% do total de camas disponíveis.A linha de Cascais vem em segundo lugar com 21%, os três municípios da margem sul somam 14% e finalmente os três municípios da costa Oeste totalizam cerca de 8% do total de camas disponíveis.
Com esta análise, podemos então considerar que existem na região seis diferentes zonas com diferentes pesos no mercado turístico da região de Lisboa. O mapa seguinte, mostra a percentagem do numero de camas da região, por cada uma das áreas:



[Fig.2] - As seis zonas em que se divide a Região Metropolitana de Lisboa no que respeita às infraestruturas turísticas, com base no numero de camas. As zonas exteriores, juntamente com Lisboa representam 97% das camas da região.

No mapa seguinte, mostra-se a dimensão de cada um dos municípios da região metropolitana de Lisboa, considerando o numero de camas por município:




[Fig.3] A distribuição do número de camas por municipio:Pretende-se mostrar de uma forma mais facil de entender, a verdadeira dimensão do parque turístico da região de Lisboa, bem como onde realmente ele se encontra relativamente aos projectos de aeroporto presentemente em discussão.

Economia: A industria da região de Lisboa e o aeroporto
A importância relativa para a economia nacional dos vários municípios da área envolvente do novo aeroporto internacional, pode ser medida de várias formas. Uma delas é a análise do volume de vendas das empresas registadas por câmara municipal. No entanto esta forma de analisar a importância relativa das regiões ou municípios é distorcida pelo facto de muitas das principais empresas terem a sua sede no município de Lisboa, o que de alguma forma distorce os resultados. Mesmo considerando essa distorção, o mapa seguinte mostra de forma gráfica a dimensão da colecta municipal, nos concelhos da região metropolitana de Lisboa:



[Fig.1] Imposto municipal pago pelos municipios da região de Lisboa

Para determinar a importância real e efectiva dos municípios da região envolvente, no que respeita à produção industrial, podemos utilizar outros métodos que permitem ultrapassar a distorção provocada pela concentração das sedes das empresas no municipio de Lisboa e para isso utilizámos o factor «energia eléctrica consumida em unidades industriais» da região de Lisboa.
Estes dados, permitem saber onde está instalada a capacidade industrial, analisando o seu consumo em termos de energia eléctrica.
Colocando o mapa do consumo de energia eléctrica sobre o mapa da área de interesse das duas localizações analisadas obtemos o seguinte resultado relativamente à localização Ota:




[Fig.2] A localização do aeroporto na região da Ota permite cobrir uma área onde se consome menos de 50% da energia utilizada para a industria na região de Lisboa

Já quanto à localização CTA (Campo de Tiro de Alcochete), obtemos um resultado bastante diferente, pois enquanto deixam de estar cobertos alguns polos industriais do norte do distrito de Lisboa e sul de Leiria, fica coberta a área correpondente à margem sul do Tejo, onde se concentra mais de 50% do consumo de energia eléctrica para a industria:



[Fig.3] Um aeroporto colocado na zona do Campo de Tiro de Alcochete, apresenta uma muito maior centralidade relativamente às áreas mais industrializadas da região de Lisboa, cobrindo na sua área de interesse a quase totalidade da região, como se pode ver pelo cruzamento da área de cobertura do aeroporto com os gráficos do consumo de energia eléctrica industrial.


Economia: Comércio externo
Numa economia extremamente aberta ao exterior, assume especial importância a centralidade de um aeroporto para responder às necessidades das empresas, tanto para permitir o escoamento de parte das exportações, como para facilitar a aquisição de componentes e equipamentos que são posteriormente exportados.
A região metropolitana de Lisboa, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas, o maior polo exportador de Portugal com uma fatia extremamente significativa das exportações portuguesas.
Os mapas seguintes são relativos às exportações na Região Metropolitana de Lisboa:



[Fig.1] Exportações na região metropolitana de Lisboa: A vermelho as exportações em termos absolutos dos municipios que ficam dentro da área de 40Km a partir da Ota.



[Fig.2] Exportações na região metropolitana de Lisboa: A vermelho as exportações em termos absolutos dos municipios que ficam dentro da área de 40Km a partir do Campo de Tiro de Alcochete.

Já quanto à localização CTA (Campo de Tiro de Alcochete), obtemos um resultado bastante diferente, pois enquanto deixam de estar cobertos alguns polos industriais do norte do distrito de Lisboa e sul de Leiria, fica coberta a área correpondente à margem sul do Tejo, onde se concentra mais de 50% do consumo de energia eléctrica para a industria
O TGV e a ligação com o aeroporto de Lisboa.
O novo aeroporto e a rede de combóios de alta velocidade:

[Fig.1] A primeira configuração do TGV: A ligação à Europa, não era feita através de Madrid e por isso, o TGV não necessitava atravessar o Tejo. Lisboa era o fim da linha e a Ota era uma opção que evitava ter que construir uma nova ponte para a passagem do TGV.

A construção do novo aeroporto de Lisboa está definitivamente ligada à futura rede de comboios de alta velocidade.
Embora os planos e os estudos para a construção de um novo aeroporto de Lisboa sejam naturalmente muito mais antigos que os planos para a rede de alta velocidade, desde que os projectos para o TGV em Portugal começaram a tomar forma que se estuda a conjugação do novo aeroporto de Lisboa com a rede do TGV.
Quando ainda durante o período de António Guterres como primeiro ministro se estudou a questão, a resolução da equação Aeroporto/TGV parecia simples.
A ligação da capital portuguesa à Europa, seria efectuada através do centro oeste, com ligação a Salamanca e daí até à fronteira franco-espanhola, sem necessidade de passar por Madrid..
Essa opção era obviamente a mais lógica, por ser de longe a mais rápida.A passagem por Madrid atrasa inevitável e irremediavelmente qualquer viagem entre Lisboa e o centro da Europa, transformando a ligação entre as duas capitais da peninsula ibérica, num simples ramal de Madrid, onde um TGV muito mais lento demorará cerca de

[Fig.2] Com a segunda configuração negociada com a Espanha (que se recusou a aceitar a ligação do TGV a Lisboa, sem passar por Madrid), passou a ser necessária a construção de uma travessia do Tejo. O aeroporto na margem sul passou a fazer mais sentido, porque a necessidade de uma nova travessia era um dos impedimentos que apontava a Ota como opção.

A tradicional visão radial que os espanhóis têm da «sua» Península Ibérica, levou a que estes impusessem a construção da linha Lisboa-Madrid antes sequer da ligação entre Lisboa e o Porto.Esta realidade, alterou completamente a configuração da rede e também a ligação entre Lisboa e o seu novo aeroporto.
Com a nova configuração (Fig.2) Lisboa deixou de estar no extremo da linha, passando a ser necessária a ligação entre a margem norte e a margem sul do Tejo, na região de Lisboa[1].
Neste caso, não só passou a ser viável a construção do aeroporto de Lisboa na margem sul (porque a construção de uma ponte sobre o rio Tejo passou a ser necessária de qualquer forma, com ou sem aeroporto), como um aeroporto construído na Ota passou a estar descentrado em relação à linha Lisboa – Madrid.
O aeroporto de Lisboa, se colocado na Ota, ficará a 40Km do fim da linha de TGV Lisboa-Madrid.
Ao ter que atravessar o términus da linha, qualquer ligação vinda de Espanha com destino a um aeroporto na Ota estará inevitavelmente condenada, porque a necessidade de atravessar o rio, parar em Lisboa e voltar a partir para a Ota, acrescentará preciosos e longos minutos à ligação, tornando-a demasiado demorada e pouco competitiva.

Aeroporto para a Peninsula?
O novo aeroporto no contexto da Peninsula Ibérica:A visão espanhola e a visão portuguesa.
[Fig.1] A densidade demográfica na estremadura espanhola é baixa. A população concentra-se na área Badajoz-Mérida e também em Cáceres.

Quando no verão um cidadão incauto visita a região de Setubal, depara-se invariavelmente com veículos de matricula espanhola, onde predominam o CA e o BA, respectiva-mente de Cáceres e Badajoz.Na verdade, as praias da peninsula de Setúbal e de parte do litoral alentejano, são as mais próximas para os habitantes da Estremadura espanhola.A facilidade de movimento que existe desde a adesão à União Europeia, veio reforçar este movimento.
Esta facilidade de movimento entre a margem sul do Tejo e a Estremadura espanhola, pode passar despercebida à maioria dos politicos portugueses, mas não passou despercebida na própria região autónoma espanhola que tem Badajos como principal centro.
Recentemente, um ministro português afirmou que não seria possível construir um aeroporto na margem sul do Tejo, porque não havia alí casas, pessoas, escolas, hoteis ou hospitais.
Estranhamente parece que os governantes espanhóis, nomeadamente os da Estremadura espanhola, que ao que consta analisam com muito mais cuidado e competência os mapas e as estatísticas, não têm a mesma opinião do ministro portguês, atribuindo à chamada Peninsula de Setúbal uma importância maior que aquela que lhe é dada pelos governantes de Lisboa.
Ao contrário do ministro português, autor da já famosa frase «Margem sul, Jamais», o governo da Estremadura espanhola sabe perfeitamente que o mercado da margen sul do Tejo é quase tão importante quanto todas as provincias da Estremadura espanhola juntas. A sua população de quase 800.000 habitantes, juntamente com a do Alto Alentejo, é praticamente idêntica à daquela região autónoma de Espanha.
Sozinha a margem sul do Tejo (que é parte da Região Metropolitana de Lisboa), é mais rica que a Estremadura espanhola que é a mais pobre e a mais deprimida das regiões da Espanha.
[Fig.2] Ao contrário dos ministérios portugueses, em Espanha sabe-se qual a verdadeira importância da margem sul do Tejo: O aeroporto deve ser afastado o mais possível, para garantir os planos espanhóis para um aeroporto na fronteira.

Tendo isto em consideração, os espanhóis disfarçam mal sua preferência quanto à construção do novo aeroporto de Lisboa.
A construção do novo aeroporto de Lisboa na margem sul do Tejo, é um problema grave para os planos espanhóis que incluem atrair os portugueses para a sua área de influência.
Os planos para a construção de um grande aeroporto na região de Badajós, entre aquela cidade e Mérida estão em cima da mesa e do ponto de vista espanhol e da Junta da Estremadura, é importante afastar o novo aeroporto de Lisboa para tão longe quanto possível. A Ota, é assim a opção mais interessante para os pontos de vista da Junta da Estremadura, que naturalmente defende os interesses da sua população.[1]
Por isto, a opção sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa, é importante para Portugal, mas é ao mesmo tempo importante para Espanha, e para aqueles que no país vizinho planeiam a sua rede de aeroportos e as suas estratégias de desenvolvimento.
A visão espanhola da Península Ibérica, sempre foi uma visão radial em que Madrid serve de centro distribuidor para as províncias periféricas.
Os espanhóis, consideram que os rios peninsulares são as suas fronteiras naturais, e por isto a visão tradicional que a Espanha tem de Portugal, é a de um país dividido em três partes:
Uma a norte do Tejo até à Galiza
Uma entre Tejo e Douro, com Lisboa como ponto nevrálgico ainda que descentrado.
Uma terceira parte a sul do rio Tejo até ao Algarve
[Fig.3] A Ota, permite um «abrir de flanco»a norte e a sul: Com o aeroporto na Ota, Portugal fica encurralado entre as áreas de expansão da Galiza e da Estremadura espanhola.
Prosseguindo esta visão espanhola, Portugal precisa apenas de um aeroporto para a sua região centro, entre os rios Douro e Tejo, dado que o resto do país pode ser integrado dentro de blocos regionais espanhóis que já existem.
Assim, o norte de Portugal deve ser integrado junto com a Galiza, enquanto que o sul, deve ser integrado com a Estremadura espanhola, juntando eventualmente também o Algarve.
A colocação do aeroporto de Lisboa na região da Ota, coincide com a visão espanhola.
O aeroporto de Lisboa, deverá servir a região centro, e por isso deve ser colocado a norte do Tejo, garantindo ao mesmo tempo que serve a região a norte de Lisboa e a capital propriamente dita.
A construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota, faz com que a parte sul da Região Metropolitana de Lisboa (Península de Setúbal), fique totalmente afastada do aeroporto.
Este afastamento entre a Ota e a margem sul do Tejo - que é claro, evidente e absolutamente demonstrado nos vários mapas apresentados - transforma o aeroporto de Badajoz numa interessante alternativa ao aeroporto de Lisboa, para cerca de 1.000.000 de portugueses que vivem na Península de Setúbal e no Alto Alentejo.
Costumamos afirmar que os espanhóis têm uma visão ampla e a longo prazo, enquanto que os portugueses têm apenas vistas curtas.
A construção do aeroporto na Ota, é uma das maiores demonstrações da vista curta dos dirigentes políticos portugueses, quando não (infelizmente) do mais acabrunhante desleixo.
O reverso da medalha
Ao contrário da construção na Ota, a construção do Aeroporto Internacional de Lisboa na margem sul do rio Tejo, apresenta para os planos espanhóis vários problemas e para Portugal várias vantagens:
O primeiro facto a considerar, é o de que o aeroporto estaria a apenas 30 a 40 minutos de distância da estação de Elvas-Badajoz, via TGV.
Este período de tempo, é muito menor que o que corresponderia ao do trajecto entre Badajoz e a Ota, não por causa da diferença na distancia mas por causa do factor Lisboa.
Distâncias horárias entre Badajoz e a área do Campo de Tiro de Alcochete e entre Badajoz e o aeroporto da Ota, passando por uma paragem em Lisboa, eventualmente com transbordo para um «Shuttle» e considerando a velocidade máxima do TGV prevista para território português.



[Fig.3] Por um lado por causa da distância, mas principalmente por causa do factor «Lisboa» que é naturalmente o términus da linha Madrid-Lisboa, a diferença de tempo gasta entre Badajoz e a Ota, pode duplicar o tempo gasto para percorrer a distância entre Badajoz e Alcochete (C.T.A.).
Esta diferença de tempo é brutal e absolutamente determinante, porque coloca Badajoz e a Ota, a uma distancia idêntica à que separa Badajoz de Madrid. Mais significativa ainda será a diferênça se se confirmar a existência de um «Shuttle» entre Lisboa e a Ota

Ao ter que parar em Lisboa – que é o fim do ramal ibérico Madrid-Lisboa – o passageiro demorará mais tempo na paragem (como acontece em Paris ou Madrid) ou terá mesmo que fazer transbordo para um «Shuttle» pois cada vez mais vozes afirmam que o TGV não parará na Ota na maioria dos casos.O factor Lisboa, pode contribuir na pior das hipóteses para que a viagem de Badajoz à Ota, possa demorar até uma hora e meia, contra 30 a 40 minutos de viagem entre Badajoz e a região do Campo de Tiro de Alcochete, onde a viagem é praticamente directa (dado nem todos os comboios pararem em Évora).
Ao contrário do aeroporto colocado na Ota, onde um passageiro embarcado em Badajoz, tem que chegar ao fim da linha (Lisboa) para depois seguir para norte (com o tempo que inevitavelmente isso implica em termos de paragem do comboio) com um aeroporto colocado na margem norte, a distãncia entre Badajoz e o novo aeroporto é suficientemente pequena para tornar o aeroporto atractivo.


[Fig.4] A outra opção estratégica para o futuro aeroporto de Lisboa, em vez de apostar na «retirada» oferecendo parte do território à influência dos aeroportos espanhóis, é a de apostar de forma proactiva na tentativa de ganhar mercados.

A opção «Portela + 1 »
Embora a singela comparação que é feita nas páginas desta matéria, diga respeito à comparação entre a localização Ota e a localização Campo de Tiro de Alcochete, existe uma terceira hipótese que tem sido referida pelos orgãos de comunicação social e pela imprensa, o que leva a que façamos alguns comentários sobre o problema.
As empresas «Low Cost» de transporte aéreoUm fenómeno que começou no final dos anos 90, é o de empresas aéreas que fugindo ao modelo tradicional, optaram por oferecer serviços de transporte que não incluem nenhum adicional, cortando em todo o tipo de despesa que não tenha a ver directamente com o transporte de um passageiro do ponto X para o ponto Y.
Recorrendo a aviões modernos e com baixo consumo de combustível, tripulações com salários mais baixos e optando pelos serviços mais baratos nos aeroportos, empresas como a Ryanair da irlanda ou como a Easy Jet da Grã Bretanha, transformaram-se nos ícones mais conhecidos das companhias aéreas de baixo custo.
Um dos problemas que se pretende resolver com o novo aeroporto de Lisboa é o do aumento dos voos destas companhias de baixo custo, que estarão a gastar os «slots» de aterragem e descolagem no aeroporto da Portela.
Para resolver este problema, há quem aponte várias soluções, cada uma delas com vantagens e inconvenientes:
Portela + AlvercaPor um lado esta solução é interessante porque a pista de Alverca se encontra na proximidade do actual aeroporto da Portela. Existe mesmo a possibilidade de existir um serviço de «shuttle» entre os dois aeroportos




Opção Portela + Alverca


A opção depara-se no entanto com alguns problemas, de entre os quais se destaca o facto de o alinhamento das duas pistas ser idêntico. Na prática, quase que a pista de Alverca pode funcionar como ser fosse uma segunda pista da Portela, mas isso implica que em determinadas situações, as aterragens ou as descolagens na Portela terem que ser coordenadas com as de alverca.Basicamente isto quer dizer que estando muito próximos, e tendo os seus circuitos (ou linhas) de aterragem cruzados, o numero de aterragens para o conjunto dos aeroportos Portela + Alverca, é igual ao da Portela sozinho, porque um avião em Alverca, terá que esperar para descolar ou aterrar, se na Portela estiver a ocorrer uma operação idêntica.Cai assim por terra a ideia de que se pode transferir as empresas Low Cost para Alverca.
Alverca servirá de facto para descongestionar o aeroporto da Portela, no que respeita ao numero de aeronaves no chão, mas dependendo das condições atmosféricas, ele não permite aumentar o numero de aterragens ou descolagens em horas de pico, o que é presentemente um dos mais graves problemas do aeroporto da Portela.


Portela + Montijo


Esta outra opção também já foi considerada e foi mesmo utilizada, quando durante o Euro-2004 a pista do Montijo foi utilizada para aliviar o aeroporto da Portela, tendo no entanto em grande medida servido como aeroporto de «estacionamento».
A vantagem do Montijo, como a vantagem de Alverca, é a sua proximidade relativamente ao centro de Lisboa, pois desde o Montijo pode-se chegar a Lisboa através de uma das duas pontes que atravessam o Tejo, tornando o acesso relativamente simples.No entanto, a pista do Montijo terá que ser acrescentada, e porque se situa numa península, isso implica ter que construir parte de uma nova pista dentro das águas do Tejo. Além disso, estando ao nível do mar e considerando o alinhamento da sua pista principal, os aviões quando descolam do Montijo no sentido nascente -> poente devem fazer uma brusca viragem para sul, pare evitar atravessar o corredor de aproximação à Portela.Essa viragem brusca, leva um avião que descola do Montijo, a ter que se dirigir para a Serra da Arrábida com 500M de altura.

A opção Portela + Montijo

Este tipo de movimento, não é anormal para aeronaves militares, ou aeronaves de menor porte como aquelas que operam a partir do Montijo, mas para aeronaves civis do tipo Boeing B737 ou A320 não é exactamente um movimento dos mais comuns. Este tipo de exigências operacionais levam a que um aeroporto com estas características seja mal classificado internacionalmente em termos de segurança.
Além destas duas possibilidades, próximas ao actual aeroporto, há ainda a possibilidade de iniciar a construção de um aeroporto na margem sul do Tejo, onde a possibilidade de expansão e crescimento é simples e barata porque não há necessidade de remover colinas e enormes quantidades de terra, para assim iniciar a construção do novo aeroporto de Lisboa, que começaria como um aeroporto secundário, transformando-se posteriormente no principal aeroporto da capital portuguesa.
As várias opções incluindo a Portela, são naturalmente as mais baratas de todas as analisadas, principalmente porque a principal estrutura já está construída.
No entanto, há problemas a que a solução «Portela mais um» não consegue responder, transformando-se apenas numa panaceia e numa espécie de Aspirina para curar um problema mais grave.
Entre os problemas que a manutenção da Portela não resolve encontram-se os seguintes:
- Continua a não ser possível utilizar o aeroporto à noite, porque por muitos aeroportos adicionais que se construam, a Portela vai continuar encravada numa zona urbana.A empresa que utilize a Portela, vai ficar condicionada pelos horários de abertura e encerramento da pista, e vai perder competitividade com aeroportos que não tenham este inconveniente.
- A Portela continua a não ter espaço para a construção de um grande terminal que permita ao aeroporto funcionar como «Hub» para assim beneficiar da posição estratégica de Lisboa, no que respeita ao tráfego aéreo entre a América do Sul e a Europa ou entre África e a Europa.
Se a companhia aérea portuguesa TAP, não conseguir ter em Lisboa um aeroporto que permita o rápido transito de passageiros e carga entre os aviões intercontinentais (tipo A340 e futuramente A350) que chegam no horário da manhã, para os aviões de médio curso que vão para os vários destinos europeus, então a TAP não conseguirá ser competitiva.
A solução Portela mais um, não consegue responder a este quesito, e a construção de um terminal internacional completamente novo com capacidade para efectuar operações de translado de passageiros e carga com muita rapidez, não é possível na Portela, sem um investimento milionário, que na pior das hipóteses tornaria a opção Portela + 1 de opção mais barata em opção mais cara.
Além de que tal construção corresponderia a investir ainda mais, num aeroporto que segundo os próprios pilotos é pequeno, acanhado e sem possibilidade de crescimento.


As distâncias entre os aeroportos e as cidades que servem.
Para efectuar os cálculos e interpretar os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatísticas, utilizámos como referência o valor aproximado de 40Km entre as duas localizações analisadas (Ota e o Campo de tiro de Alcochete).
Na verdade, a utilização de um valor mais pequeno tornaria acomparação absurda, uma vez que a Ota se encontra a mais de 40Km do centro de Lisboa, e nem o municipio de Lisboa seria atingido pelo raio de 40Km.
Um valor superior a 40Km também não faria sentido, porquanto uma análise das distâncias entre o centro da cidade e os seus principais aeroportos, permitiu verificar que 40-47Km é a distância máxima a que se encontra um aeroporto internacional, do centro da principal cidade que serve.
De seguida, mostra-se um quadro, com as distâncias entre o centro da cidade e os principais aeroportos que servem essa mesma cidade:


ALT: indica a existência de um ou mais aeroportos na área, mas que se encontram a menor distância do centro da cidade .

Os movimentos ecologistas em Portugal apareceram muito mais tarde que nos restantes países europeus. A ditadura naturalmente não permitia qualquer tipo de movimentação que escapasse ao controlo do estado e além disso a consciência ecológica nasceu tarde num país com um baixo nível de escolaridade e de grandes taxas de analfabetismo.
A relação dos movimentos ecologistas com o projecto para a construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota é interessante de analisar, porque se pode quase considerar que estas organizações tomaram partido por uma das soluções e contra a outra, mesmo que contra a lógica e o bom senso e mantiveram as suas posições, mesmo quando se tornou evidente que por causa das gigantescas movimentações de terras, a solução «Ota» era tão ou mais nociva para a natureza que a solução «Rio Frio» na península de Setúbal.
As duas principais organizações ecológicas portuguesas chamam-se QUERCUS e GEOTA.Elas parecem ter relações especiais com alguns partidos políticos portugueses embora não tenham com eles nenhum vínculo oficial.
Quando em meados dos anos 90, na campanha eleitoral se utilizaram argumentos relacionados com a barragem de Foz Côa, para objectivamente favorecer os candidatos do Partido Socialista (que estava na oposição e pretendia chegar ao poder) é o GEOTA que mais se movimenta contra a barragem, permitindo ao Partido Socialista aproveitar-se do ambiente favorável.
É também durante os governos do PSD que o GEOTA parece ter produzido mais pareceres e ter efectuado mais esclarecimentos e acções de defesa da natureza, que objectivamente o colocaram contra o Estado - que durante os governos de outras cores políticas.
Estes movimentos não parecem ter autonomia efectiva, nem autonomia efectiva relativamente aos partidos politicos que de alguma forma os inspiram e apoiam.

As dúvidas

Perante a realidade apresentada pelos números do Instituto Nacional de Estatísticas, há naturalmente questões que precisam ser respondidas.
São muitas e provavelmente não será possível fazer uma lista completa, mas as principais questões que se colocam são:
Qual a razão pela qual alguns dos movimentos ecologistas portugueses, se calam perante a construção do aeroporto da Ota, e assumem uma posição de defesa canina das posições do governo, quando a análise racional dos dados conhecidos quanto a movimentações de terras e tratamento de pântanos na Ota, parecem apontar para impactos ambientais catastróficos ?
Como é possível que se continue a faltar tão desastradamente à verdade afirmando que um aeroporto na margem sul do Tejo é «excentrico» relativamente à Área Metropolitana de Lisboa, quando a simples análise dos gráficos demonstra que acontece exactamente o contrário ?
Como é possível que ninguém tenha notado que para abranger uma população de 370.000 pessoas a norte de Lisboa, se construa um aeroporto na Ota, onde se deixa em situação claramente secundária 1.100.000 cidadãos fora da área de 40Km considerada ?
Como é possível que se continue a afirmar que mais de 70% da população da região de Lisboa está na margem norte(o que é verdade), mas ocultando que 75% dessa população se encontra nas margens do Tejo, muito mais perto de um aeroporto na margem sul que de um aeroporto na Ota ?
Como é possível que se continue a ocultar que cerca de 90.5% das camas da industria turística na região da grande Lisboa estão na costa atlântica que vai de Cascais a Setúbal (incluindo Lisboa), numa área que fica sempre mais distante da Ota que da Margem Sul, sendo que todas as previsões apontam para um crescimento do turismo muito mais intenso na península de Setúbal que em qualquer outra área da Região de Lisboa ?
Como é possível que se esqueça onde está a maior parte da produção industrial da região metropolitana de Lisboa, o que implica há mais empresas, mais pessoas, maior poder de compra e muito maior possibilidade de sucesso para o futuro aeroporto na margem sul que na Ota ?
Como é possível que juntamente com o completo autismo decorrente da análise da questão da produção industrial na região de Lisboa, se tenha passado por cima da análise do comércio externo, de onde partem as vitais exportações do pais e onde se efectuam as importações e que na sua esmagadora maioria partem dos municípios das margens do Tejo, sempre muito mais longe da Ota que da margem sul ?
Como é possível que se insista em construir um aeroporto descentrado da futura linha de TGV e demasiado longe da cidade de Lisboa para que se possa integrar a utilização do TGV, ligando o terminal em Lisboa com o aeroporto.
Como é possível que se insista em construir um aeroporto que fica a quase 100Km do centro da Península de Setúbal, tornando-o completamente inútil para essa região e para o Alentejo, permitindo ainda que aquelas duas região possam ser alvo preferencial dos investimentos espanhóis próximo da Fronteira, que são deste ponto de vista os principais beneficiados com o aeroporto da Ota ?
Mas acima de tudo, há um a questão que não está directamente relacionada com as dúvidas que se levantam em catadupa quando olhamos para a realidade:
É a questão que se levanta quando os cidadãos são informados de que o Aeroporto Internacional da Ota, que terá duas pistas e atingirá o máximo de tráfego possível poucos anos após estar concluído, não tem possibilidade de expansão.
Além de construir um aeroporto em que metade da construção fica numa montanha que é preciso remover e a outra metade num pântano que é preciso encher de centenas de milhares de estacas, ainda por cima por informação confirmada pelo próprio Ministro das Obras Públicas será necessário construir outro aeroporto, ainda durante este século para resolver o problema que o aeroporto da Ota vai criar, 10 a 20 anos depois de estar construído, por absoluta falta de espaço para o aumentar.
Quando chegar a essa altura, e isso será mais depressa que o que se pensava, onde vai então ser construído o novo aeroporto de Lisboa ?
A questão da decisão entre localizar o futuro aeroporto de Lisboa na Ota ou na zona correspondente ao Campo de Tiro de Alcochete está por ser determinada.
Segundo as pessoas que se consideram mais informadas, o aparente recuo para estudar a questão não passa de uma forma de ganhar tempo, porque o disparate já foi demasiado longe e os compromissos assumidos já foram também demasiado longe para voltar atrás.
Compete às entidades designadas, entre as quais o L.N.E.T.I. trabalhar para justificar o impossível.
No entanto, se como tudo indica, mesmo perante todas as gigantescas evidências de que a construção do novo aeroporto na Ota constitui um dos mais monumentais disparates na história da aviação e na história de Portugal, o LNETI confirmar a opção política do governo português, será bom que a entidade - que merece o respeito dos cidadãos - explique bem, ou melhor, explique muito bem a opção, para que todos os portugueses a entendam.
Se não o fizer não só o próprio instituto sairá chamuscado, como inevitavelmente sairão aqueles que assinarem o estudo, que se não for suficiente bem documentado e fundamentado para lá de qualquer dúvida, será visto pelos cidadãos como um embuste, e uma mentira destinada a garantir e suportar a decisão de um governo.

A localização do novo Aeroporto está escolhida (Campo de Tiro de Alcochete), mas como é habitual em Portugal, começa tudo ao contrário, senão vêja-se:


Mas não só por Lisboa se vê aberrações, uma outra que me é bem proxima, a construção de uma nova ponte sobre o Rio Mondego, e um viaduto sobre a Mata do Choupal.



COIMBRA DO CHOUPAL
Ficámos há alguns dias a saber, segundo notícia publicada em alguns jornais nacionais, que afinal vamos ser compensados, nós, malta da Lusa Atenas. Finalmente confirmado o projecto de viaduto que servirá as vias IP3/IC2/IC3 e que vai afectar "ligeiramente" a Mata do Choupal de Coimbra. O aval está dado, firmado pelo Ministério do Ambiente. E digo ligeiramente, porque todos sabemos que um corredor de betão e alcatrão de alguns quilómetros a atravessar uma mata, tem tão poucos impactos nesse ecossistema florestal e na vida dos seus bichinhos que mal se notam. Não há ruído, luminosidade, emissões, não há quebra do continuum vegetal, não há nada que possa afectar aquele monte de árvorezinhas que por ali estão, a abrigar uns pardalitos que até vão gostar do "movimento"... Acontece que esta mata não é apenas isso. E digo também que ainda por cima saímos compensados, nós, que vivemos em Coimbra, porque teremos várias árvores plantadas noutro local para podermos delas disfrutar como convém. E lá, onde estão, numa Mata que é só o melhor e mais importante espaço verde de Coimbra (ou era...), até nem fazem tanta falta. No fundo, será maravilhoso, e reflecte bem a visão actual: para os nossos desgovernantes não há árvores, há apenas créditos de carbono, não há ambiente, há economia ambiental, e toca a arranjar uns plátanos pra malta equilibrar a coisa, não vá a desflorestação afectar o balanço de emissões. Mas isto, embora triste, inacreditável e inclassificável, até já sabíamos, tamanha a actividade de um ministério que dizem existir em Portugal, e que dizem ser do ambiente. É mais ao menos, e ironicamente, como o Lince Ibérico no nosso território, dizem que há, mas ninguém o vê... E quando se vê, é para firmar assinatura em mais um projecto que em nada respeita a natureza e o nosso património natural, pelo contrário. Isso também nós já tinhamos percebido. Custa, mas custa ainda mais ter sido este documento assinado por um Sr. Humberto Rosa, secretário estado, que só por acaso se licenciou em Biologia e é Prof. Auxiliar na FCUL. Custa ser um biólogo a assinar um parecer favorável a uma obra deste tipo, numa declaração de impacte ambiental que não coloca sequer soluções e traçados alternativos, e que propõe medidas compensatórias absolutamente ridículas para o impacto que terá no Choupal. É triste, é doloroso. Não se percebe para que servem os EIA em Portugal, não se percebe para que existe o Ministério do Ambiente em Portugal, não percebo o que faz um biólogo num cargo deste tipo, quando tem este tipo de acção (ou inacção), quando o único papel que tem é o de deixar uma assinatura em jeito de parecer redentor em situações sucessivas de crimes ambientais que vão fazendo as delícias dos "evolucionistas" do betão e dos defensores do pseudo-desenvolvimento sob a capa protectora do supremo "interesse público" que tanto nos tira do que temos de melhor no país e nas nossas cidades. Trauteemos então, a letra de José Galhardo, enquanto ainda faz sentido....Coimbra do Choupal, ainda és capital do amor em Portugal, ainda...
Depois disto, talvez que nos reste ainda o amor, talvez... até que o interesse público nos obrigue também a alcatroar o coração.

A construção de uma polémica nova ponte sobre o Mondego e de um viaduto sobre a Mata do Choupal, em Coimbra, foi confirmada pela Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do projecto de construção dos troços do IP3, IC2 e IC3 na zona. Os contestatários da nova ponte manifestaram-se "decepcionados" com a confirmação da DIA.


A construção do viaduto e de uma nova ponte sobre o Mondego havia sido contestada por ambientalistas e dirigentes políticos locais mas a DIA que agora foi tornada pública dá um parecer positivo a esse projecto, embora com algumas restrições. A DIA diz respeito aos troços do IP3 (entre Trouxemil e Mealhada), o IC2 (entre Coimbra e Oliveira de Azeméis, com ligação à A32) e o IC3 (entre Coimbra e o nó do IP3), num projecto que abrange vias dos concelhos de Coimbra, Mealhada, Anadia, Águeda, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis. O projecto vai incluir "o atravessamento do rio Mondego e
da Mata Nacional do Choupal totalmente em viaduto", dando uma "especial atenção à localização dos pilares no leito" do curso de água e prevendo a replantação de árvores para "compensar a população de Coimbra da diminuição do seu património florestal e a manutenção da sua área de recreio e lazer que actualmente dispõe". A DIA prevê a reformulação dos nós de Trouxemil, Águeda Norte e medidas de minimização das áreas de serviço a construir. No que diz respeito à integração deste projecto na rede viária existência, a DIA recomenda que sejam evitados "quaisquer estrangulamentos nas vias existentes e que, sempre que tal se justifique, estas vias sejam dotadas de passeios, garantindo assim condições de segurança e conforto aos peões". Já em relação à travessia do rio Vouga, a DIA ordena que os estaleiros sejam afastados da zona ribeirinha para evitar "qualquer interferência no leito, margens e galeria ripícola". O troço do IC2 terá características de auto-estrada e está prevista a "cobrança electrónica de portagens aos utentes (excepto para o tráfego local entre Coimbra/Trouxemil)". Já o traçado do IC3 deste pacote de investimentos prevê também um "regime de cobrança electrónica de portagens (sistema 'free-flow') que (...) será obrigatório para todos os veículos nacionais", permitindo o pagamento "sem paragem do veículo e sem praça de portagem". Declaração de impacto ambiental "decepciona" contestatários de nova ponteOs contestatários da construção das obras manifestaram-se hoje "decepcionados" com a confirmação da DIA. O Provedor do Ambiente e da Qualidade de Vida Urbana de Coimbra, Massano Cardoso, e o presidente do Núcleo Distrital de Coimbra da associação ambientalista Quercus, António Luís Campos, admitem, no entanto, que o teor da DIA não os surpreende. "Surpreendido não fiquei, mas sim decepcionado. Acho um pouco estranho fazer-se um estudo de impacto ambiental sem apresentar uma única alternativa (à passagem por Coimbra). Há qualquer coisa que não está bem", declarou o provedor do Ambiente. Massano Cardoso questiona, por outro lado, por que motivo não é apresentada qualquer alternativa quando o projecto do comboio de alta-velocidade prevê que a passagem por Coimbra, incluindo a travessia do rio Mondego, seja feita através de túneis, por ser a solução de "menor impacto" ambiental. "Se há projectos que prevêem a travessia do Mondego de forma a não pôr em causa o Choupal, por que não se põe a mesma hipótese neste projecto?", pergunta. O provedor do Ambiente de Coimbra, que em Novembro se manifestou contra a construção do viaduto, considera que a solução agora confirmada pela DIA "amputa parte do Choupal, violando um espaço verde de uma zona nobre da cidade, que faz

parte da sua alma". O impacto externo, do ponto de vista estético e sonoro que, refere Massano Cardoso, "ultrapassará os limites legais" é, na opinião do provedor do Ambiente, "mais um atentado (ambiental)". "É uma decisão política, não técnica. O projecto está mal feito desde a raiz. É relativamente normal os estudos de impacto ambiental não apresentarem alternativas quando as decisões estão previamente tomadas", sustenta, por sua vez, o presidente do núcleo distrital de Coimbra da Quercus. António Luís Campos considera "uma aberração" a construção de um viaduto sobre o Choupal e afirma que a confirmação da DIA "mostra que, em Portugal, os estudos de impacto ambiental não servem para nada, são apenas um pró-forma legal". "Há alternativas, só que seriam muito complexas e obrigariam a uma alteração significativa na passagem por Coimbra", afirma, referindo que o projecto "devia ser afastado para Norte ou Sul da cidade". Entre os aspectos negativos referidos pelo ambientalista da Quercus estão "o corte de uma floresta, a questão estética, de urbanismo, a poluição sonora e atmosférica".O estudo prévio do novo IC-2 esteve em consulta pública, o traçado proposto para o IC-2, ligando o nó do Almegue, em Coimbra, a Oliveira de Azeméis, considera, sem alternativa, a construção de uma ponte de 910 metros sobre o rio Mondego, nas proximidades da Mata Nacional do Choupal, assim como um viaduto de 85 metros sobre a ribeira dos Fornos, podendo preconizar uma solução definitiva para as recorrentes inundações neste local. O documento, que estará disponível para consulta até 10 de Novembro de 2009, considera ainda obras nos viadutos do Bairro da Relvinha e sobre a linha do caminho-de-ferro,


tendo em conta que o perfil preconizado é de três vias em cada sentido, estando definida uma velocidade máxima para todo o trajecto até Oliveira de Azeméis. De acordo com o estudo prévio agora tornado público, seguindo para Norte, o IC-2 inflecte à direita logo após o nó de Trouxemil, indo entroncar no actual IP-3 ainda antes de Souselas. Circular externa ligada ao Botão No estudo realizado para a concepção da nova estrada, foi considerada a interligação com o IP-3 (auto-estrada até Viseu), em que parte do traçado será comum, assim como com o IC-3, também em estudo, que irá ligar Tomar a Coimbra. Desta forma, o EIA agora em consulta já prevê a criação de uma estrada que continuará o IC-3 para norte, com ligação ao novo IC-2. As duas soluções propostas têm em conta a construção do nó de S. Romão da circular externa e uma ligação ao IC-3, na zona de S. Paulo de Frades. O EIA defende que o IC-3 deve usar o trajecto a poente de Brasfemes, ao invés de outro que seguiria por Vilarinho de Cima, indo entroncar no IC-2 na zona do Carqueijo. Pelo caminho está prevista a criação de um nó com o actual IP-3 na zona do Botão – onde deverá ser construído um viaduto com 715 metros de extensão – o que permite a ligação sem portagens de Coimbra com os concelhos do interior norte do distrito, como Penacova, Tábua e Oliveira do Hospital (os dois últimos através do IC-6). O traçado principal desta via, na fase inicial, prevê a construção de três túneis e viadutos, em Vale de Linhares, Rocha Nova e S. Paulo de Frades, de forma a vencer a difícil orografia do terreno. Recorde-se que esta estrada (IC-3), no âmbito de outro projecto que está a decorrer, ligará Tomar a Coimbra, servindo nomeadamente os concelhos de Alvaiázere, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Penela e Miranda do Corvo, entrando na capital de distrito pela zona da Mata de Vale de Canas, após atravessar um túnel na Serra do Carvalho. Trânsito nacional fora da Ponte-açude Se o projecto agora apresentado for avante, o trânsito de âmbito nacional que agora passa pela cidade deixará de atravessar a Ponte-açude, sendo desviado para a nova ponte, ficando desactivados parte dos viadutos do IC-2, junto à Casa do Sal. De acordo com os mapas disponíveis, a nova travessia entronca no IC-2 junto à denominada curva da Estação Velha, o que irá tornar obsoleto um troço de cerca de 500 metros do viaduto actualmente existente sobre os parques de estacionamento. Num exercício de futurologia, pode-se imaginar que toda a extensão paralela à rua do Padrão pode vir a ser demolida, abrindo toda aquela zona também para o rio, isto se for considerado que o projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego, se for avante, eliminará a barreira que representa a linha do caminho-de-ferro. Por outro lado, poderá permitir uma reformulação da estrutura rodoviária da zona da Casa do Sal, de forma a tornar mais fluido o trânsito que entra e sai da cidade de Coimbra.

" Provedoria do Ambiente contra viaduto no Choupal Se a provável implantação de um campo de golfe é suficiente para a ponderação de um desvio, como é que a presença da Mata Nacional do Choupal não é suficiente para desviar o traçado original? A interrogação surge num comunicado da Provedoria do Ambiente e Qualidade de Vida Urbana de Coimbra, no âmbito da consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental ao estudo prévio do projecto do projecto “IP3 – Coimbra (Trouxemil)/Mealhada; Ic2 – Coimbra/Oliveira de Azeméis (A32/IC2) e IC3 – Coimbra/IP3”. O trecho 1 merece críticas da provedoria liderada por Massano Cardoso, nomeadamente a falta de clareza na justificação da necessidade do projecto e a apresentação «confusa» de alternativas. Aliás, o documento diz mesmo que a «não apresentação de alternativas ao trecho 1 deverá constituir argumento para a não aprovação do estudo». Também a justificação de «abandono das hipóteses colocadas para o alargamento da actual ponte do açude» - argumentada em “condicionalismo de ordem funcional, segurança e técnica – é insuficiente para a provedoria do ambiente, ao lembrar que «actualmente a engenharia é capaz de produzir soluções válidas e capazes de ultrapassar os condicionalismos apresentados». Não menos criticável é o facto de o relatório técnico do trecho 2 equacionar o desvio do eixo previsto devido à eventual implantação de um campo de golfe, e não ter, em igual conta, a presença da Mata Nacional do Choupal, «mata em Regime Florestal Total. Para a provedoria, «o Regime Florestal Total não se coaduna com o actual projecto, sendo que a ocupação prevista - implementação dos pilares para construção do viaduto e todos os impactes ambientais daí decorrentes – não está de acordo com o enquadramento jurídico do Regime Florestal Total». Entende ainda a Provedoria do Ambiente que as «medidas compensatórias e de minimização para os impactes previstos na Mata do Choupal não são capazes de a devolver nas actuais funções». O próprio projecto afirma que «mesmo com as medidas de minimização previstas» continuarão a existir «situação de incumprimento legal» ao nível do ambiente sonoro. A provedoria conclui que a «solução perpetrada pelo projecto ameaça todo o património natural e histórico-cultural daquela área, sendo os impactes irreversíveis». Assim, remata, a não apresentação de alternativas deverá «constituir argumento para a sua não aprovação»" Em Diário Coimbra 11/11/2008

Mas falar de Coimbra ainda que por situações extremas, enão falar do Fado e dos seus interpretes, não é de um habitante de Coimbra, por isso vamos então começar...



José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, filho de José Nepomuceno Afonso, juiz, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira, professora primária.Em 1930 os pais foram para Angola, onde o pai tinha sido colocado como delegado do Procurador da República em Silva Porto. José Afonso permanece em Aveiro, na casa da Fonte das Cinco Bicas, por razões de saúde, confiado à tia Gegé e ao tio Xico, um «republicano anticlerical e anti-sidonista».Por insistência da mãe, em 1933 Zeca segue para Angola, com três anos e meio, no vapor Mouzinho, acompanhado por um tio advogado em lua-de-mel. Um missionário é a companhia de José Afonso que permanece três anos em Angola, onde inicia os estudos da instrução primária.Em 1936 regressa a Aveiro, para casa de umas tias pelo lado materno.Parte em 1937 para Moçambique ao encontro dos pais, com quem vive juntamente com os irmãos João e Mariazinha.Regressa a Portugal, em 1938, desta vez para casa do tio Filomeno, presidente da Câmara Municipal de Belmonte. Aqui conclui a quarta classe. O tio, salazarista convicto, fá-lo envergar a farda da Mocidade Portuguesa.Vai para Coimbra em 1940 para prosseguir os estudos. É matriculado no Liceu D. João III e instala-se em casa da tia Avrilete, tia paterna que vivia à Av. Dias da Silva, actual nº112. No liceu conhece António Portugal e Luiz Goes. A família parte de Moçambique para Timor, onde o pai vai exercer as funções de juiz. Mariazinha vai com eles, enquanto seu irmão João vem para Portugal. Com a ocupação de Timor pelos Japoneses, José Afonso fica sem notícias dos pais durante três anos, até ao final da II Guerra Mundial, em 1945.Nesse mesmo ano começa a cantar serenatas como «bicho», designação da praxe de Coimbra para os estudantes liceais (José Afonso andava no 5.º ano do liceu). Era conhecido como «bicho-cantor», o que lhe permitia não ser «rapado» pelas «trupes». Vida de boémia e fados tradicionais de Coimbra.De 1946 a 1948 completa o curso dos liceus, após dois chumbos. Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, por oposição dos pais. Faz viagens com o Orfeão e com a Tuna Académica. Joga futebol na Associação Académica de Coimbra.Em 1949, dispensado do exame de aptidão à Universidade, inscreve-se no primeiro ano do curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras. Vai a Angola e Moçambique integrado numa comitiva do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra.Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel. Dá explicações e faz revisão no Diário de Coimbra. São editados os seus primeiros discos. Trata-se de dois discos de 78 rotações com fados de Coimbra, editados pela Alvorada, dos quais não existem hoje exemplares. Os dois discos foram gravados no Emissor Regional de Coimbra da Emissora Nacional.De 1953 a 1955 cumpre, em Mafra, serviço militar obrigatório. Foi mobilizado para Macau, mas livrou-se por motivos de saúde. Depois é colocado num quartel em Coimbra. Tem grandes dificuldades económicas para sustentar a família, como refere em carta enviada aos pais em Moçambique. A crise conjugal é muito sentida. Após o serviço militar, já com dois filhos, José Manuel e Helena (nascida em 1954), conclui em 1963 o curso na Faculdade de Letras de Coimbra com 11 valores com uma tese sobre Jean-Paul Sartre: «Implicações substancialistas na filosofia sartriana».Vai dar aulas num colégio privado em Mangualde de 6 de Janeiro a 30 de Setembro de 1957. Passa a, então, à cndição de estudante voluntário da Universidade, inod com frequência a Coimbra, não só para fazer exames na Faculdade de Letras, mas por continuar a ser bastante solicitado para cantar em serenatas, espectáculos e digressões dos organismos autónomos. Inicia-se o processo de separação e posterior divórcio de Amália (1 de Junho de 1963). José Afonso manterá uma névoa de silêncio em redor desta sua experiência conjugal.Em 1956 é editado o seu primeiro EP, intitulado Fados de Coimbra. De 28 de Outubro de 1957 a 22 de Julho de 1958 foi professor provisório nas Escola Industrial e Comercial de Lagos.Por dificuldades económicas, em 1958 envia os dois filhos para Moçambique, para junto dos avós. Neste ano fica impressionado com a campanha eleitoral de Humberto Delgado. Digressão de um mês em Angola da Tuna Académica. José Afonso é o vocalista do Conjunto Ligeiro. «Actuámos vestidos com umas largas blusas de cetim, cada uma de sua cor, imitando a orquestra de "mambos" de Perez Prado, o máximo da altura», conta José Niza.A 4 de Dezembro de 1957, José Afonso actua em Paris, no Teatro "Champs Elysées" ao lado de Fernado Rolim, voz, António Portugal e David Leandro nas guitarras de Coimbra e Sousa Rafael e Levy Baptista nas violas.De 7 de Outubro de 1958 a 18 de Julho de 1959 é professor provisório nas Escola Industrial e Comercial de Faro. Em 1959 começa a frequentar colectividades e a cantar regularmente em meios populares.Nos inícios do ano lectivo de 1959/60 é colocado por 10 dias num colégio em Aljustrel, transitando depois para a Escola Técnica de Alcobaça onde é professor provisório entre 3 de Outubro de 1959 e 30 de Julho de 1960.Em 1960 é editado o quarto disco de José Afonso. Trata-se de um EP para a Rapsódia, intitulado Balada do Outono. Em Agosto faz nova digressão com o orfeão Académico de Coimbra a Angola. Ainda em 1960 desloca-se a Paris e Genebra, onde grava com Fernado Rolim, voz, António Portugal e David Leandro nas guitarras de Coimbra e Sousa Rafael e Levy Baptista nas violas, onde naquela cidade helvética grava uma serenata para a Eurovisão.De 1961 a 1962 segue atentamente a crise estudantil deste último ano. Convive em Faro com Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e Pité e namora com Zélia, natural da Fuzeta, que será a sua segunda mulher.Em 1962 é editado o álbum Coimbra Orfeon of Portugal, pela Monitor, dos Estados Unidos, com «Minha Mãe» e «Balada Aleixo», onde José Afonso rompe definitivamente com o acompanhamento das guitarras. Nestas duas baladas é acompanhado exclusivamente à viola por José Niza e Durval Moreirinhas.Realiza digressões pela Suíça e Alemanha onde gravam para a televisão e Suécia onde actua na Gala dos Reais Clubes Suecos, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de Oliveira, José Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo.Em 1963 é editado outro EP de Baladas de Coimbra. Volta a ser professor provisório nas mesma escola em Faro, de 19 de Outubro de 1962 a 31 de Julho de 1963.Em Maio de 1964, José Afonso actua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção «Grândola, Vila Morena», que viria a ser no dia 25 de Abril de 1974 a senha do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o derrube do regime ditatorial.Nesse mesmo ano é editado o EP Cantares de José Afonso, o único para a Valentim de Carvalho.Também em 1964 é editado, pela Ofir, o álbum Baladas e Canções, que virá a ser reeditado em CD pela EMI em 1996.De 1964 a 1967, José Afonso encontra-se em Lourenço Marques com Zélia, onde reencontra os seus dois filho. Nos últimos dois anos, dá aulas na Beira. Aqui musicou Brecht na peça A Excepção e a Regra. Em Moçambique nasce a sua filha Joana (1965).Em 1967 regressa a Lisboa esgotado pelo sistema colonial. Deixa o filho mais velho, José Manuel, confiado aos avós em Moçambique. Colocado como professor em Setúbal, sofre uma grave crise de saúde que o leva a ser internado durante 20 dias na Casa de Saúde de Belas. Quando sai da clínica, tinha sido expulso do ensino oficial. É publicado o livro Cantares de José Afonso, pela Nova Realidade. O PCP convida-o a aderir ao partido, mas José Afonso recusa invocando a sua condição de classe. Assina contrato discográfico com a Orfeu, para quem grava mais de 70 por cento da sua obra. Expulso do ensino, em 1968 dedica-se a dar explicações e a cantar com mais assiduidade nas colectividades da Margem Sul, onde é nítida a influência do PCP. Pelo Natal, edita o álbum Cantares do Andarilho, com Rui Pato, primeiro disco para a Orfeu. O contrato é sui generis: contra o pagamento de uma mensalidade (15 contos), José Afonso é obrigado a gravar um álbum por ano.Em 1969 a Primavera marcelista abre perspectivas de organização ao movimento sindical. José Afonso participa activamente neste movimento, assim como nas acções dos estudantes em Coimbra. Edita o álbum Contos Velhos Rumos Novos e o single «Menina, dos Olhos Tristes» que contém a canção popular «Canta Camarada». Recebe o prémio da Casa da Imprensa para o melhor disco, distinção que repete em 1970 e 1971. Pela primeira vez num disco de José Afonso, aparecem outros instrumentos que não a viola ou a guitarra. Trata-se do último álbum com Rui Pato. Nasce o último filho, o quarto, Pedro.Em 1970 é editado o álbum Traz Outro Amigo Também, gravado em Londres, nos estúdios da Pye, o primeiro sem Rui Pato, impedido pela PIDE de viajar. Carlos Correia (Bóris), antigo músico de rock, dos Álamos e do Conjunto Universitário Hi-Fi, substitui Pato. A 21 de Março, por unanimidade, a Casa de Imprensa atribui a José Afonso o Prémio de Honra pela «alta qualidade da sua obra artística como autor e intérprete e pela decisiva influência que exerce em todo o movimento de renovação da música ligeira portuguesa». Participa em Cuba num Festival Internacional de Música Popular.Pelo Natal de 1971, é lançado o álbum Cantigas do Maio, gravado perto de Paris, nos estúdios de Herouville, um dos mais caros e afamados da Europa. O álbum é geralmente considerado o melhor disco de José Afonso. A editora Nova Realidade publica o livro Cantar de Novo.No ano de 1972 o álbum chama-se Eu Vou Ser Como a Toupeira, gravado em Madrid, nos Estúdios Cellada, com a participação de Benedicto, um cantor galego amigo de Zeca, e com o apoio dos Aguaviva, de Manolo Diaz. O livro, editado pela Paisagem, tem apenas o título de José Afonso.Em 1973 José Afonso continua a sua «peregrinação», cantando um pouco em todo o lado. Muitas sessões foram proibidas pela PIDE/DGS. Em Abril é preso e fica 20 dias em Caxias até finais de Maio. Na prisão política, escreve o poema «Era Um Redondo Vocábulo». Pelo Natal, publica o álbum Venham Mais Cinco, gravado em Paris, em que José Mário Branco volta a colaborar musicalmente. No tema-título, participa Janine de Waleyne, solista dos Swingle Singers, o melhor grupo vocal de jazz cantado da altura, na opinião de José Niza. A 29 de Março de 1974, o Coliseu, em Lisboa, enche-se para ouvir José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Barata Moura, Fernando Tordo e outros, que terminam a sessão com «Grândola, Vila Morena». Militares do MFA estão entre a assistência e escolhem «Grândola» para senha da Revolução. Um mês depois dá-se o 25 de Abril. No dia do espectáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações de «Venham Mais Cinco», «Menina dos Olhos Tristes», «A Morte Saiu à Rua» e «Gastão Era Perfeito». Curiosamente, a «Grândola» era autorizada. É editado o álbum Coro dos Tribunais, gravado em Londres, novamente na Pye, com arranjos e direcção musical, pela primeira vez, de Fausto. São incluídas as canções brechtianas compostas em Moçambique no período entre 1964 e 1967, «Coro dos Tribunais» e «Eu Marchava de Dia e de Noite (Canta o Comerciante)». De 1974 a 1975 envolve-se directamento nos movimentos populares. O PREC (Processo Revolucionário Em Curso) é a sua paixão. Cantou no dia 11 de Março de 1975 no RALIS para os soldados. Estabelece uma colaboração estreita com o movimento revolucionário LUAR, através do seu amigo Camilo Mortágua, dirigente da organização. A LUAR edita o single «Viva o Poder Popular» com «Foi na Cidade do Sado» no lado B. Em Itália, as organizações revolucionárias Lotta Continua, Il Manifesto e Vanguardia Operaria editam o álbum República, gravado em Roma a 30 de Setembro e 1 de Outubro, nos estúdios das Santini Edizioni. As receitas do disco destinavam-se a apoiar a Comissão de Trabalhadores do jornal República ou, caso o jornal fosse extinto, como foi, o Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre. Desconhecido em Portugal, o álbum inclui «Para Não Dizer Que Não Falei de Flores» (Geraldo Vandré), «Se os Teus Olhos se Vendessem», «Foi no Sábado Passado», «Canta Camarada», «Eu Hei-de Ir Colher Macela», «O Pão Que Sobra à Riqueza», «Os Vampiros», «Senhora do Almortão», «Letra para Um Hino» e «Ladainha do Arcebispo». Francisco Fanhais colaborou na gravação do disco, juntamente com músicos italianos.Em 1976 apoia a candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho, cérebro do 25 de Abril e ex-comandante do COPCON (Comando Operacional do Continente), apoio que reedita em 1980. Fase cronista de José Afonso, que publica o álbum Com as Minhas Tamanquinhas. O disco tem a surpreendente participação de Quim Barreiros. É, na opinião de José Niza, «um disco de combate e de denúncia, um grito de alma, um murro na mesa, sincero e exaltado, talvez exagerado se ouvido e lido ao fim de 20 anos, isto é, hoje». É a «ressaca» do PREC. O álbum Enquanto Há Força, editado em 1978, de novo com Fausto, representa mais um exemplo da fase cronista do cantor, ligada às suas preocupações anti-colonistas e anti-imperialistas e à sua crítica mordaz à Igreja. Inclui as participações, entre outras, de Guilherme Inês, Carlos Zíngaro, Pedro Caldeira Cabral, Rão Kyao, Luís Duarte, Adriano Correia de Oliveira e Sérgio Godinho. Em 1979 é editado o álbum Fura Fura, com a colaboração musical de Júlio Pereira e dos Trovante. O disco inclui oito temas de música para teatro, compostos para as peças Zé do Telhado, de A Barraca, e Guerra do Alecrim e Manjerona, da Comuna. Actua em Bruxelas no Festival da Contra-Eurovisão.Em 1981, após dois anos de silêncio, regressa a Coimbra com o seu álbum Fados de Coimbra e Outras Canções. Trata-se da mais bela versão do fado de Coimbra, interpretada por Zeca Afonso em homenagem a seu pai e a Edmundo Bettencourt, a quem o disco é dedicado. Actua em Paris, no Théatre de la Ville.Em 1982 começam a conhecer-se os primeiros sintomas da doença do cantor, uma esclerose lateral amiotrófica. Trata-se, aparentemente, de um vírus instalado na espinal medula que, de uma forma progressiva, destrói o tecido muscular e, normalmente, conduz à morte por asfixia. Actua em Brouges no Festival de Printemps.Em 29 de Janeiro de 1983 realiza-se o espectáculo no Coliseu com José Afonso já em dificuldades. Participam Octávio Sérgio, António Sérgio, Lopes de Almeida, Durval Moreirinhas, Rui Pato, Fausto, Júlio Pereira, Guilherme Inês, Rui Castro, Rui Júnior, Sérgio Mestre e Janita Salomé. É publicado o duplo álbum Ao Vivo no Coliseu.No Natal desse ano, sai Como Se Fora Seu Filho, um testamento político. Colaboração de Júlio Pereira, Janita Salomé, Fausto e José Mário Branco. Alinhamento: «Papuça», «Utopia», «A Nau de António Faria», «Canção da Paciência», «O País Vai de Carrinho», «Canarinho», «Eu Dizia», «Canção do Medo», «Verdade e Mentira» e «Altos Altentes». Algumas das canções foram escritas para a peça Fernão Mentes? do grupo de teatro A Barraca. Publicado o livro Textos e Canções, com a chancela Assírio e Alvim. Contra a sua vontade, é publicado pelo Foto Sonoro um maxi-single, Zeca em Coimbra, com um espectáculo dado por Zeca no Jardim da Sereia, na Lusa Atenas, a 27 de Maio. A cidade de Coimbra atribui a José Afonso a Medalha de Ouro da cidade. «Obrigado Zeca, volta sempre, a casa é tua», disse-lhe o presidente da Câmara, Mendes Silva. «Não quero converter-me numa instituição, embora me sinta muito comovido e grato pela homenagem», respondeu José Afonso. O Presidente da República, general Ramalho Eanes, atribui a José Afonso a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa-se a preencher o formulário. Em 1994, o Presidente da República Mário Soares tentou de novo condecorar, postumamente, José Afonso com a Ordem da Liberdade, mas a mulher, Zélia, recusou, alegando que se José Afonso não desejou a distinção em vida, também não seria após a sua morte que seria condecorado.Em 1983 José Afonso é reintegrado no ensino oficial, tendo sido destacado para dar aulas de História e de Português na Escola Preparatória de Azeitão. Tinha sido expulso em 1968. A doença, agrava-se.Em 1985 é editado o último álbum, Galinhas do Mato. José Afonso já não consegue cantar todos os temas, sendo substituído por Luís Represas («Agora»), Helena Vieira («Tu Gitana», Janita Salomé («Moda do Entrudo», «Tarkovsky» e «Alegria da Criação»), José Mário Branco («Década de Salomé», em dueto com Zeca), Né Ladeiras («Benditos») e Catarina e Marta Salomé («Galinhas do Mato»). Arranjos musicais de Júlio Pereira e Fausto. Outras canções do álbum: «Escandinávia Bar-Fuzeta» e «À Proa».Em 1986 apoia a candidatura presidencial de Maria de Lourdes Pintassilgo, católica progressista.José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada em 1982. O funeral realizou-se no dia seguinte, com mais de 30 mil pessoas, da Escola Secundária de S. Julião para o cemitério da Senhora da Piedade, em Setúbal, onde a urna foi depositada às 17h30 na sepultura 1606 do quadro 19. O funeral demorou duas horas a percorrer 1300 metros. Envolvida por um pano vermelho sem qualquer símbolo, como pedira, a urna foi transportada, entre outros, por Sérgio Godinho, Júlio Pereira, José Mário Branco, Luís Cília, Francisco Fanhais. A Transmédia editou o triplo álbum, o primeiro da história discográfica portuguesa, Agora e Sempre, duas semanas depois da morte do cantor. O triplo disco é constituído pelos álbuns Como Se Fora Seu Filho (1983) e Galinhas do Mato (1985) e por um alinhamento diferente de Ao Vivo no Coliseu (1983). A 18 de Novembro é criada a Associação José Afonso com o objectivo de ajudar a realizar as ideias do compositor e intérprete no campo das Artes. "Texto extraido na integra da pagina oficial da Associação José Afonso"




Embora a sua popularidade não seja equiparada à de António Menano, Edmundo de Bettencourt é considerado por todos os amadores e especialistas de Fado de Coimbra como o maior de todos os estilistas e cantores do género.Madeirense do Funchal, onde nasceu em 1899, fez parte da chamada "Década d'0iro". Mas a sua influência não ficou por aí, dado que Bettencourt foi igualmente escritor e poeta de grande importância; foi em 1927 um dos fundadores da mítica revista literária Presença, cujo elenco abandonaria em 1930.Contudo foi a música que o popularizou, de tal modo que mesmo gerações posteriores o aclamaram; José Afonso, cujo pai fora contemporâneo de Bettencourt, considerava-o o "maior cantor de fados de todos os tempos". Parece hoje claro que, para a qualidade artística de Edmundo Bettencourt, muito contribuiu o facto de ter sido acompanhado à guitarra por Artur Paredes.A história diz-nos dele ter sido menos boémio do que os seus colegas estudantes, mas também um pioneiro no aproveitamento de canções e elementos musicais tradicionais de outras zonas do país. A sua influência estendeu-se ao longo dos anos e não são poucos os cantores de Coimbra que a assumem.Edmundo de Bettencourt não gravou tanto como António Menano (conhecem lhe apenas oito discos com dezasseis gravações) mas entre elas estão faixas tão lendárias como Saudades de Coimbra (mais conhecida pelo seu verso "Do Choupal até à Lapa") ou Samaritana. Faleceu em 1973.



Canção de Coimbra: Um Canto de Rua
É voz corrente considerar o chamado fado de Coimbra oriundo do Fado de Lisboa. Tal origem seria, talvez, inquestionável, se tudo o que se fez (e se tem feito) em Coimbra - ao nível da sua música tradicional, se limitasse única e exclusivamente ao Fado, se é que este, efectivamente, existe em Coimbra.
Todavia, a música tradicional de Coimbra não se esgota naquilo que se designa de "Fado de Coimbra". As danças e os Cantares populares, assim como todo um conjunto de representações etno-musicais em tomo das fogueiras de S. João, bem como, as canções de trabalho, os cânticos de embalar, as cantigas de amar e as serenatas, constituem um repertório ímpar na vivência espaço-temporal da música tradicional da cidade, que nada tem a ver com o universo fadístico. Dizer-se, pois, que a Canção de raiz Coimbrã é o "Fado de Coimbra", está muito longe de ser verdade.
Coimbra sempre foi um caldeirão cultural, fruto da convivência entre duas culturas: a popular e a erudita. A existência, entre os séculos XII e XIV, de uma rica cultura erudita ficou a dever-se ao facto de, na cidade, viverem várias minorias étnicas e sociais, assim como grupos sócio-profissionais, que desenvolviam as suas respectivas culturas específicas, onde o lúdico-musical estava presente para ocupação dos seus tempos livres. Por outro lado, devido à sua situação geográfica de cruzamento e de passagem de viajantes, jograis, peregrinos e estudantes, a cidade acabava por ser um local privilegiado para uma vivência quotidiana com base nas feiras, romarias e outros eventos similares, onde se faziam notar as várias influências culturais. Igualmente havia um fluxo humano do campo para a cidade, não só para a venda de produtos, mas também, na procura de melhores condições de trabalho. Com este povo vinham os seus cantares. Paralelamente, a pequena nobreza rural instala-se na cidade, trazendo consigo as expressões musicais que a caracterizavam. A co-habitação de dois imaginários (o campesino e o citadino) tomou-se inevitável. E o mercado urbano, as feiras e as "romarias acabaram por ser os locais privilegiados para o intercâmbio etno-musical entre diferentes gentes e factor de difusão de práticas culturais que fortaleceram e desenvolveram o relacionamento entre duas culturas musicais: a da cidade e a rural.
É em plena praça pública que a cultura popular e erudita marcam ponto de encontro, onde os cantares de origem aristocrática se misturam com músicas e danças populares. Aliás, desde sempre que uma poesia culta e uma poesia culta e uma outra popular se influenciaram mutuamente. Basta ver que há características populares nos cantares trovadorescos, bem como, canções e trovas eruditas que foram modificadas e absorvidas pelo filão popular, juntando-se às cantigas de amor e trabalho, canções satíricas e do dia-a-dia, reforçando, assim, o repertório do Cancioneiro Popular.
Deste convívio entre diferentes gentes nascerá, e se afirmará através dos tempos, uma valência etno-cultural de identidade regional e local muito própria: um folclore urbano! Ou melhor: o filão popular da música de raiz coimbrã, com as suas manifestações emo-musicais, desde as danças e cantares regionais e locais até às cantigas, marchas, danças de roda com mandador, e serenatas populares. E, de uma maneira geral, todas estas expressões musicais se desenvolviam ao ar livre.
Paralelamente a este filão popular, um outro se desenvolvia também: o filão académico, com as suas manifestações musicais (reveladoras de uma postura erudita quanto ao evoluir do discurso poético-musical ao longo dos tempos), mas de forte influência urbano-popular, onde se destacam as estudantinas, o cantar brejeiro e as serenatas. Sabe-se, aliás, que pelo menos, desde o século XVI, era hábito os estudantes de Coimbra cantarem e tocarem, noite dentro, pelas ruas da cidade. Prova factual é a missiva que o rei D. João III envia ao então reitor da Universidade, a 20 de Junho de 1539, dando conta da necessidade em se pôr fim à algazarra e às cantorias que os estudantes faziam até altas horas da noite, já que eram muitas as queixas dos habitantes da velha urbe. Se seria um Canto Serenil (única e exclusivamente de cortejamento por uma mulher), não o podemos, seguramente, afirmar; mas que era um canto de rua, disso não restam dúvidas. Sabe-se, também, que no ambiente académico do século XVIII, os estudantes cantavam miles trovas, e que, na Coimbra daquele tempo, era hábito cantarem-se canções de amor e cantigas populares, reflexo de um salutar intercâmbio entre o duplo filão desta Canção que, e muito bem, chegou aos nossos dias.
Pese embora, os serões de então, quer da aristocracia como da burguesia, serem preenchidos com minuetes, rondós, romances e modinhas, onde o acompanhamento era feito, primeiramente a cravo e, mais tarde, ao piano, era, todavia, na rua, que esta cultura aristocrática e burguesa se cruzava com os cantares regionais e locais. E é na rua que a serenata ganha ascendente. Ora, tudo isto diz respeito a um tempo anterior ao aparecimento do Fado em Portugal - que ocorre no 1º quartel do século XIX. Fado que ao difundir-se pelo país, nunca chegou a dominar os cancioneiros populares de cada região, ou o tipo de música que então se cantava e tocava no ambiente aristocrático e burguês das cidades; e tudo isto tem em conta uma característica que ainda. hoje perdura na Coimbra do século XXI: a Canção de raiz coimbrã filão popular e académico, é, essencialmente, um Canto de Rua, embora possa ser interpretada em espaços fechados - que não Casas de Fado (prática nocturna ligada ao Fado de Lisboa, mas que nada tem a ver com os hábitos musicais de Coimbra e com a génese, evolução e imaginário da sua Canção).
Jorge Cravo

Canto Académico De Coimbra (Curta Resenha Histórica)

Duma maneira geral, quando se faz referência ao "chamado Fado de Coimbra", o estudante de Medicina Augusto Hilário (1864-1896), surge- nos como a figura central do seu aparecimento.



Afirma-se até, que a Serenata Coimbrã terá surgido com ele, no início dos anos 90 do século XIX. Todavia, a Serenata já existia em Coimbra, muito antes do Fado- Serenata de Augusto Hilário, e muito antes do Fado ter chegado a Portugal.
Sabe-se que, pelo menos, desde o século XVI, era hábito os estudantes de Coimbra cantarem noite dentro pelas ruas da cidade. Se seria um Canto Serenil, não o podemos, seguramente, afirmar, mas que era um canto de rua, disso temos pouca dúvidas. O que sabemos, também, é que a Serenata sofreu um forte impulso, nos anos 50 do século XIX, graças a dois estudantes: João de Deus (1830-1896) e José Dória (1824-1869). João de Deus, estudante irregular de Direito, entre 1849/59, cantava temas de sua autoria e canções populares, em serenatas, fazendo-se acompanhar à viola de arame. José Dória, estudante de Medicina, foi um exímio executante de viola toeira (instrumento popular de Coimbra), acabando por dar à estampa baladas, barcarolas e nocturnos, cantando canções populares da própria cidade e executando, também, música para as fogueiras.



A partir da década de 60 de novecentos, a Serenata estava muito vulgarizada em Coimbra, e por volta de 1880, ela estava verdadeiramente enraizada num duplo filão: o popular e o académico.- O Popular, cuja serenata estava circunscrita à parte baixa da cidade, geograficamente limitada pela Couraça de Lisboa, Porta de Almedina e Igreja de Santa Cruz.- O Académico, cuja Serenata se reservava ao território da Alta - espaço físico por excelência da Academia - onde se situava a Universidade. No entanto, quer estudantes, quer populares, levavam a efeito serenatas fluviais - em ocasiões especiais de eventos a comemorar - no rio Mondego, transportando-se em barcas serranas.
É por finais da década de 90 do século XIX, que surgem alguns "fados" da autoria de Cândido Viterbo (que em 1901 frequentava a Faculdade de Direito), e que estudantes-poetas (como Augusto Gil, António Nobre, Afonso Lopes Vieira e Fausto Guedes Teixeira) dão à estampa quadras que ficaram conhecidos por fados - mas que mais não eram do que cantigas populares - e que tanto os estudantes, como os futricas (povo de Coimbra) e as tricanas (mulheres do povo de Coimbra e arredores), cantavam, no intervalo das danças e das marchas em tempo de fogueiras.
Depois de Augusto Hilário, e já nos princípios do século XX, destaque para Vicente Arnoso (1880-1925) e Alexandre Torres (1886- 1969), seguindo-se-lhe, Manassés de Lacerda (1885-1962) e Alexandre Resende (1886-1953).
Por volta de 1915, António Menano (1895-1969) chega a Coimbra para cursar Medicina, e no seu tempo de estudante, tanto canta autênticos fados de Lisboa, como canções e cançonetas, populares ou eruditas, acompanhadas ao piano, para além de outros temas de autoria, por exemplo, de seu irmão Francisco - que era guitarrista. Nessa altura a Canção de Coimbra encontrava-se numa encruzilhada e Menano era o seu mais fiel representante.
O Canto sofrera, então, um desvio da sua matriz serenil de meados do século XIX para uma forma de cantar ultra-romântica, que fez desaparecer o estilo operático (muito mais consentâneo com a sua génese). Cantava-se, agora, de uma maneira dolente, arrastada, onde os pianos de voz e o prolongamento do canto surgiram como forma de satisfação do próprio ego do cantor, alimentando-se, assim, o saudosismo e a nostalgia de quem escutava. Estava-se, pois, na presença de um cantar lamejas, doentio, piegas, que dominava o ambiente musical académico de primórdios do século XX.
No início da década de 20, assistiu-se à debandada de Coimbra de cantores como Agostinho Fontes, Roseiro Boavida e Manassés de Lacerda, para além do próprio António Menano (em 1923). Saídas que seriam colmatadas com a chegada daqueles que - juntamente com Menano - iriam constituir a chamada "Geração de Oiro" da Canção Coimbrã, nomeadamente: Lucas Junot (1902-1968, que vem cursar Ciências em 1922), Paradela de Oliveira (1904-1970, que vem para Direito, 1924), Armando Goes (1906-1967, que vem para Medicina, 1924), entre outros. E é nesta geração, e nesta década, que vai pontificar o cantor e poeta do movimento da Presença, Edmundo de Bettencourt (1899-1973). Quando chega a Coimbra, em 1923, para se matricular em Direito, é Artur Paredes (1899-1980) - grande revolucionário da guitarra de Coimbra - que o vai acompanhar, encetando ambos, uma autêntica sapatada naquele cantar sofrido, magoado e triste. E se os acompanhamentos de Artur Paredes são fortes, vigorosos, cortantes, de puxadas rápidas na guitarra, com Bettencourt o canto é muito mais arejado, viril, gritado! Tematicamente vai buscar canções populares dos Açores, do Alentejo e da Beira Baixa, cantando-as - não como o seriam, tal e qual, por um grupo de cantares da região em questão - mas à maneira de Coimbra, recuperando uma forma de cantar que prova a existência nesta cidade de uma toada musical muito própria, regional e local, popular, moldada por um filão académico, que de maneira nenhuma se confunde com qualquer outro género musical - e que nada tinha a ver com o Fado. Com esta sua atitude, Bettencourt consegue personalizar a Canção de raiz coimbrã, ao dar-lhe autonomia e ao reforçar- lhe as diferenças face ao Fado de Lisboa, colocando tudo no seu devido lugar: Fado é Fado - o de Lisboa! Em Coimbra o Canto é outro!
Chegara, assim, a Escola Modernista à Canção Coimbrã!
Quem faz a ponte para os anos 40 são cantores como Lucena Sampaio (que se licenciou em Medicina, em 1932), Manuel Julião, Lacerda e Megre (1909-1992, que estudou Direito entre 1927 e 1932), Serrano Baptista (que estudou em Coimbra entre 1925 e 1932), Artur Mota (n. 1922), que viveu em Coimbra entre 1935 e 1940, e Jorge Gouveia (que frequentou a Universidade de Coimbra entre 1938 e 1942), entre outros.
Na década de 40, embora tenham surgido cantores como Alexandre Herculano (n. 1927), Anarolino Femandes (n. 1926), Alcides Santos (que estudou Ciências entre 1945 e 1948), Napoleão Amorim (n. 1924) ou Augusto Camacho (n. 1924), não foram suficientes para darem um firme seguimento à mensagem poética e estético-musical de Edmundo de Bettencourt! Foi preciso esperar o advento da geração de 50, para que se vivesse um forte ressurgimento desta Canção. Homens como Fernando Machado Soares (n. 1930), Femando Rolim (n. 1931), José Afonso (1929- 1987) e Luiz Goes (n. 1933), são hoje considerados os dignos cantores da 2ª



geração de oiro do Canto Coimbrão Académico.
Nos finais dos anos 50, este filão académico sente duas fortes influências: por um lado, a sensibilidade de Machado Soares (que buscava o reencontro com o melhor de Bettencourt/Paredes), e por outro, a de José Afonso (que procurando libertar-se da guitarra como acompanhamento, recupera a viola para essa função, na esteira do que já havia sido feito, nos anos 20, com Armando Goes)! Resultou daqui, o emergir de dois movimentos na década de 60. José Afonso acaba por influenciar toda uma linha progressista - 1º movimento - que tem como bandeira na Academia, Adriano Correia de Oliveira (1942-1982) - que havia chegado a Coimbra em 1959, e que depois de uma fase tradicional, inicia um canto de intervenção político-social. Mas, a geração de 60, não era só uma importante referência no âmbito da contestação académica ao Estado Novo - com homens como António Bernardino (1941-1996), António Portugal (1931-1994) na guitarra, a poesia de Manuel Alegre, e o próprio Adriano, mas também, uma consciência viva quanto à necessidade de renovação da linha tradicional da sua canção - 2° movimento. Esta "urgência" teria eco nos anos 60, com o guitarrista, autor, compositor e poeta Nuno Guimarães (1942-1973), desenvolvendo uma temática musical e poética que se iria reflectir no canto de José Manuel dos Santos (1943-1989) e, também, do próprio António Bernardino, bem como, outros testemunhos vocais para essa renovação da linha mais tradicional: José Miguel Baptista (n. 1942), António Sousa Pereira (n. 1938), Fernando Gomes Alves (n. 1941) e Armando Marta (n. 1940).
Todavia, é nos finais desta década que reaparece Luiz Goes, assumindo com o guitarrista e ideólogo João Bagão, um Novo Canto. Ele foi dos poucos cultores, posteriores a Edmundo de Bettencourt, que melhor soube assimilar a importância da Geração da Presença na redefinição da Canção de Coimbra. Foi ele que, na esteira de Bettencourt, conseguiu revolucionar esta Canção, inovando sem ser ortodoxo, passando a ser, a partir de então, o "farol" depositário de um novo discurso temático- musical.Surgia, assim, a Escola Neo-Modernista da Canção Coimbrã!
Na década de 70, desde logo uma data nos surge, faseando atitudes, práticas e mentalidades: o 25 de Abril de 74! Se antes da Revolução, ao longo dos anos 60, o canto era predominantemente contestatário (quase não havendo lugar à linha mais tradicional), e o imaginário estudantil abarcava e reflectia-se nas várias crises académicas que caracterizaram esse período, depois de Abril, a contestação académica, ao ressurgimento do "chamado Fado de Coimbra" era nota dominante - o epíteto de "reaccionarismo" adjectivava toda a tentativa de recuperação do Canto Académico! Porém, em 1978, realiza-se o 1º Seminário do Fado de Coimbra, sob a tutela da Comissão Municipal de Turismo da Câmara Municipal, e em 1979 a "Semana Académica" ensaia o regresso da Queima da das Fitas (1980).



O ressurgimento das tradições e do Canto Académico tornou-se inevitável!
Por volta de 1980, existiam em Coimbra duas escolas de aprendizagem do Canto e da Guitarra: a Secção de Fado da AAC, que então nascia (25/6/80), e dava os primeiros passos, e a Escola do Chiado, ligada à Câmara Municipal - que dava assim continuidade a um trabalho de ensino da guitarra encetado por Jorge Gomes (n. 1941), no ACM, a partir de 1974. Novos cultores surgiram então, que se constituíram em quatro grupos representativos da Geração de 80: o Grupo de Fados e Guitarras de Coimbra (com os cantores Luís Cartario, António Nogueira e Vítor Silva), o Grupo Académico de Fados e Canções de Coimbra (com os cantores António Pimentel e Jorge Cravo), o Grupo Praxis Nova (com os cantores Luís Alcoforado e Rui Moreira), e o Grupo Toada Coimbrã (com os cantores Alcides Esteves e Rui Lucas), entre outros cantores episódicos.
Na História mais recente - Geração de 90 do século XX - importa referir o Grupo Capas Negras (com Luís Alvelos e Eduardo Filipe), o Grupo Alta Medina (com Henrique Garcia), o Grupo Alma Matter (com Carlos Pedro e Nuno Correia), Quinteto de Coimbra (com António Ataíde e Patrício Mendes), o Grupo Verdes Anos (com António Dinis, Rui Seone e Gonçalo Mendes), os Grupos de Fados da Tuna Académica (com José Manuel Beato, Rui Ferreira, Jorge Machado e Rui Pimenta), o Grupo Saudades de Coimbra (com João Barreiros e Henrique Guerra) e o Grupo Coimbra de Sempre (com João Pinto e Nino Pereira), entre outros.
Desta forma se pode constatar que esta tradição musical de raiz coimbrã está viva e recomenda-se, continuando geracionalmente a ser renovada por novas vozes e instrumentistas.

O seu nome é bem conhecido de todos aqueles que apreciam o Fado de Coimbra e mesmo daqueles que preferem a canção de Lisboa, pois ficou imortalizado no célebre Fado Hilário que até Amália gravou. Mas não serão muitos aqueles que identificarão o Fado Hilário com uma pessoa que existiu realmente. Nascido em Viseu em 1864 e falecido prematuramente em 1896, Augusto Hilário foi o cantor que deu ao fado de Coimbra a forma-base que ainda hoje se mantém, o primeiro estilista do género. Estudante de medicina, actor, cultor da boémia e do romance, acompanhava-se à guitarra e escrevia os seus próprios poemas, embora musicasse igualmente contemporâneos seus como Guerra Junqueiro, António Nobre, João de Deus ou Teixeira de Pascoaes.Senhor de uma linda voz, de barítono, segundo uns, de tenor, segundo outros, as suas aparições em público eram sempre aclamadas. Fala-se de uma homenagem ao poeta João de Deus, no Teatro D. Maria de Lisboa, em 1895, na qual Hilário cantou o Fado Serenata do Hylário.

O jornal O Primeiro de Janeiro recorda assim: " O Hylário, o querido boémio das serenatas alegres e doidejantes, improvisou durante o sarau esta quadra (...) e seguidamente ajoelhou e atirou (...) a sua mágica guitarra que ainda vibrava (...). Os espectadores pediram mais trovas".Infelizmente, da sua arte restam apenas as canções que deixou escritas e que outros gravariam mais tarde. Tendo vivido antes da expansão das artes do registo fonográfico, Hilário nunca gravou, embora se fale de um cilindro Edison que teria sido gravado com a sua voz em 1894 mas que não chegou aos nossos dias.

Existem em Coimbra umas seculares organizações responsáveis, em grande parte, pelo ambiente sui generis da cidade dos estudantes e que se apresentam sob a designação de Repúblicas. Berço do romantismo boémio, libertam em torno de si um sentimento mitológico, que lhes confere uma forte identidade académica, assente numa sólida estrutura social e simbólica.

As suas origens remontam ao séc. XIV, por esta altura já Coimbra era um importante centro de estudos onde acorria, cada vez mais, um número crescente de pessoas para aí receberem os seus ensinamentos. Foi este aumento repentino da população escolar, que fez com que a cidade se debatesse rapidamente com carências a nível habitacional. Por forma a ultrapassar este problema, foi criado em 1309, por D. Dinis, o diploma régio que visava a construção de casas na zona de Almedina e que deveriam ser habitadas pelos estudantes, mediante o pagamento de um aluguer, cujo montante seria fixado por uma comissão constituída por estudantes e por "homens bons", da cidade, expressamente nomeada pelo Rei.

Foi, pois, a partir de um tipo de alojamento comum, permitindo aos estudantes minimizar os encargos económicos, que surgiram, por evolução, as Repúblicas dos nossos dias.

Nas Repúblicas de Coimbra respira se um ambiente único em originalidade e irreverência. Vivem debaixo do mesmo tecto pessoas com divergências ideológicas por vezes bastante acentuadas, o que origina acesos debates. A ceia proporciona momentos de rara eloquência onde temas tão diversos como a política, a religião, os estudos ou as maleitas de amor servem para acalorar as frias noites coimbrãs. No entanto um ponto em comum une estes jovens, que tragam a vida com sofreguidão, o respeito mútuo pelos valores dos seus companheiros. Pontifica acima de tudo um ambiente de franca camaradagem.

Em 11 de Dezembro de 1948 cria-se o Conselho das Republicas, formado pelos KÁGADOS, BACO, RÁS-TE-PARTA, PAGODE CHINÊS, PALÁCIO DA LOUCURA, JÁSTÁ, tendo como principal objectivo aumentar o número destas e garantir a sua subsistência por tempo indefinido.

A imagem das Repúblicas esteve constantemente aliada à irreverência e à contestação do poder, sempre que isso significasse a defesa dos interesses da Academia. Assim foi, na década de 60, contestando o regime salazarista. A Crise Académica de 69 constituiu um retrato fiel da coragem e do espírito reivindicativo aí existentes; uma lista apoiada pelo Conselho das Repúblicas venceu, por esmagadora maioria, as eleições para a A.A.C. No início da década de 70, com a queda do salazarismo, importantes movimentos sociais intervieram na vida académica

Ontem como hoje impõem-se universalmente valores que unem o passado ao presente: a vida em comunidade, a soberania e a democraticidade. As decisões são tomadas unanimemente e todos os membros responsabilizados na gestão da sua casa.

“Presentemente, as Repúblicas, fazem parte do lendário e da vida social de Coimbra e, por que não, do próprio património sócio-cultural do País.”
Câmara Municipal de Coimbra (Coimbra Viva)

"casas fruídas por Repúblicas de estudantes de Coimbra" são consideradas associações sem personalidade jurídica"
Diário de República, Lei n.º 2/82 de 15 de Janeiro

As Repúblicas e os Solares de Coimbra, admitidos como tal pelo Conselho de Repúblicas, bem como as cooperativas de estudantes são reconhecidos como pólos autónomos dinamizadores de cultura e de vivência comunitária e académica.
Estatutos da Universidade de Coimbra, artigo 21º


Actualmente existem 27 Repúblicas, reconhecidas como tal pelo conselho de Repúblicas:

Real República do Prá-Kys-Tão Fundada em 1951 na Casa da Nau, Rua das Esteirinhas, n.º 2, onde hoje se encontra instalada

República Farol das Ilhas Fundada em 1962, hoje sita na Rua Teixeira Carvalho, n.º 25.

República dos Galifões Fundada em 1947, hoje sita na Couraça dos Apóstolos, n.º 124.

República dos Inkas Fundada em 1954 na Rua da Matemática, n.º 32, onde hoje se encontra instalada.

Solar Residência dos Estudantes Açoreanos Fundada em 1962 na Rua António de Vasconcelos nº 18B, onde hoje se encontra instalada.
Real República Ay-Ó-Linda Fundada em 1951 no Bairro Sousa Pinto, n.º 33, onde hoje se encontra instalada.

República 5 de Outubro Fundada em 1967 na Rua de Aveiro, hoje sita na Av. Bissaya Barreto, Rua E, n.º 22, 4.o.

Real República Rás-Te-Parta Fundada em 1943 na antiga Rua dos Estudos, hoje sita na Rua da Matemática, n.º 6.

Real República Palácio da Loucura Fundada em 1947, hoje sita na Rua Antero de Quental, n.º 21.
Paços da República dos Kágados Fundada em 1933 na antiga Rua do Correio, n.º 98, encontra-se instalada na Rua Joaquim António de Aguiar nº 98 3000 Coimbra

Real República Baco Fundada em 1933 na antiga Rua dos Militares, hoje sita na Rua do Loureiro.
Real República do Bota-Abaixo Fundada em 1949 na antiga Rua do Borralho, hoje sita na Rua S. Salvador, n.º 6.

República Ninho dos Matulões Fundada em 1950 no Bairro Sousa Pinto, hoje sita na Av. Bissaya Barreto, n.º 29, 4.o.

Real República Spreit-Ó-Furo Fundada em 1951, sita na Ladeira do Seminário, Vila Bento, n.º 1.

Real República os Pyn-Guyns Fundada em 1955, hoje sita na Rua Dr. Henriques Sêco, n.º 44.

Real República Boa-Bay-Ela Fundada em 1956, hoje sita na Rua João Pinto Ribeiro, n.º 17.

Real República Rápo-Táxo Fundada em 1956, desde 1969 no Bairro Sousa Pinto, n.º 13.

Real República Corsários das Ilhas Fundada em 1958, na Couraça dos Apóstolos, n.º 112, onde hoje se encontra instalada.

Solar dos Kapangas Fundada em 1958 na Rua da Mãozinha, n.º 20, onde hoje se encontra instalada.

Real República Trunfé-Kopos Fundada em 1960 na antiga Rua Silva Rosa, n.º 6, hoje sita na Rua Pires de Campos, n.º 18.

República Kimbo dos Sobas Fundada em 1963, hoje sita na Rua Antero de Quental, n.º 217.

República dos Fantasmas Fundada em 1969 no Bairro Sousa Pinto, n.º 15, onde hoje se encontra instalada.

República Rosa Luxemburgo Fundada em 1972 na Rua Correia Teles, n.º 2, 1.o, onde hoje se encontra instalada.

República da Praça Fundada em 1989 na Praça da República, n.º 38, 2.o, onde hoje se encontra instalada.

Solar Marias do Loureiro Fundada em 1993 na Rua do Loureiro, n.º 61, 3.o, onde hoje se encontra instalada.

República do Kuarenta Encontra-se instalada na Rua das Matemáticas n.º 40

A Universidade de Coimbra, sedeada na cidade de Coimbra, é a mais antiga universidade portuguesa. A instituição, uma das maiores do país, remonta ao século seguinte ao da própria fundação da nação portuguesa, dado que foi criada no século XIII, em 1290, mais especificamente a 1 de Março, quando foi assinado em Leiria, por D. Dinis, o documento Scientiae thesaurus mirabilis, que criou a própria Universidade e pediu ao Papa a confirmação.


História
A bula do Papa Nicolau IV, datada de 9 de Agosto de 1290, reconheceu o Estudo Geral, com as faculdades de Artes, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina. Teologia foi reservada aos conventos Dominicanos e Franciscanos.
A universidade, inicialmente instalada em Lisboa, foi transferida para Coimbra, para o Paço Real da Alcáçova, em 1308.
Em 1338 voltou para Lisboa, onde permaneceu até 1354, ano em que regressou para Coimbra. Ficou nesta cidade até 1377 e voltou de novo para Lisboa neste ano.
Até 1537 permaneceu em Lisboa, data em que foi transferida definitivamente para Coimbra, por ordem de D. João III. A Universidade recebeu os seus primeiros estatutos em 1309, com o nome Charta magna privilegiorum.
Os segundos estatutos foram outorgados no ano de 1431 (reinado de D. João I), com disposições sobre a frequência, exames, graus, propinas e ainda sobre o traje académico.
Já no reinado de D. Manuel I, em 1503, a Universidade recebeu os seus terceiros estatutos, desta vez com considerações sobre o reitor, disciplinas, salários dos mestres, provas académicas e cerimónia do acto solene de doutoramento.
Desde o reinado de D. Manuel I que todos os reis de Portugal passaram a ter o título de «Protectores» da Universidade, podendo nomear os professores e emitir estatutos.
O poder real (bastante mais centralizado a partir de D. João II) criava uma dependência da universidade em relação ao Estado e à Política, pelo que a preponderância dos Estudos Jurídicos se estabeleceu em Portugal. A 27 de Dezembro de 1559 (reinado de D. Sebastião), Baltazar de Faria fez a entrega dos Quartos Estatutos, nos quais se determinou que o reitor fosse eleito pelo Claustro, disposição essa nem sempre cumprida pelo poder régio. Nesse mesmo ano, a 1 de Novembro, tinha sido solenemente aberta a Universidade de Évora, entregue aos Jesuítas.
Em 1591, de Madrid, vieram os Sextos Estatutos (os quintos foram deixados de lado, nunca tendo entrado em vigor) e foram apresentados em Claustro no ano seguinte. Determinava-se que a Universidade indicasse três nomes para o cargo reitoral, escolhendo o rei um deles.
No reinado de D. José I, a Universidade sofreu uma profunda alteração. Em 28 de Junho de 1772 o rei ratifica os novos estatutos (Estatutos Pombalinos), que marcam o início da Reforma. Esta manifestava, sobretudo, um grande interesse pelas ciências da natureza e pelas ciências do rigor, que tão afastadas se encontravam do ensino universitário.
Em 1836 dá-se a fusão da Faculdade de Cânones e de Leis na Faculdade de Direito, e que veio a contribuir fortemente para a construção do novo aparelho legal liberalista. Em 1911, a Universidade recebe novos estatutos com o objectivo de criar uma certa autonomia administrativa e financeira e criava também um sistema de bolsas para fazer aumentar o número de alunos no ensino superior.
Foi criada a Faculdade de Letras, que herdou as instalações da extinta Faculdade de Teologia, enquanto as Faculdades de Matemática e de Filosofia (criadas na Reforma Pombalina) eram convertidas na Faculdade de Ciências.
Com o 25 de Abril de 1974 inicia-se um novo período da vida portuguesa e universitária, que foi alvo de várias reformas para acompanhar a nova dinâmico política. Em 1989 são publicados os estatutos que estão actualmente em vigor.
Durante os seus mais de sete séculos de existência, a Universidade, hoje uma instituição de referência, foi crescendo, primeiro por toda a Alta de Coimbra e depois um pouco por toda a cidade, encontrando-se actualmente ligada a gestação de ciência e tecnologia e à difusão de cultura portuguesa no mundo.
Continuando a manter o renome de outros tempos, é, de um modo geral, indiscutível a qualidade do ensino na Universidade de Coimbra dentro do muito fragmentado panorama nacional de ensino superior. No que toca, por exemplo à faculdade de direito (FDUC), é de notar o relatório de avaliação externa das faculdades de Direito Portuguesas, tendo a FDUC ficado no mais alto lugar do pódium no que toca ao ensino das leis. Todas as 8 faculdades têm cursos e departamentos geralmente considerados de excelência a nível nacional, e nalguns casos internacional. A UC tem consistentemente ficado classificada entre as 3 melhores universidades de língua portuguesa.

Faculdades


Torre da Universidade de Coimbra
Hoje, a Universidade de Coimbra, conta com oito Faculdades (Letras, Direito, Medicina, Ciência e Tecnologia, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação, Ciências do Desporto e Educação Física) e cerca de 22 mil alunos.
Actualmente, a Universidade espalha-se por três grandes pólos:
A alta universitária, Pólo I, onde se situam a reitoria e os serviços administrativos, partilhando o edifício histórico da Universidade com a Faculdade de Direito. Ainda na Alta Universitária, situam-se as Faculdades de Letras e de Psicologia, bem como os Departamentos de Ciências e Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC). Completam o conjunto o edifício da Biblioteca Geral e Arquivo e a Direcção da FCTUC.
O Pólo II, ou Pólo de Engenharia, onde se situam os departamentos de engenharia da FCTUC.
Departamentos:
Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Departamento de Engenharia Informática
Departamento de Engenharia Civil
Departamento de Engenharia Química
Departamento de Engenharia Mecânica
O Pólo III, ou Pólo de Ciências da Saúde, onde se situam os cursos da área médica, assim como alguns laboratórios de investigação associados.
A Faculdade de Economia, situada num palacete da Avenida Dias da Silva, está afastada dos outros 3 pólos, e foi criada em 1972.


Mas Coimbra não é só musica, situada na margem direita do rio Mondego, na província tradicional da Beira Litoral, capital de distrito e sede de concelho. Famosa pela Universidade, Coimbra é também um importante centro comercial e de serviços.O concelho de Coimbra abrange uma área de 318,8 km2 e compreende 31 freguesias: Almalaguês, Almedina, Ameal, Antanhol, Antuzede, Arzila, Assafarge, Botão, Brasfemes, Castelo Viegas, Ceira, Cernache, Eiras, Lamarosa, Ribeira de Frades, Santa Clara, Santa Cruz, Santo António dos Olivais, São Bartolomeu, São João do Campo, São Martinho de Árvore, São Martinho do Bispo, São Paulo de Frades, São Silvestre, Sé Nova, Souselas, Taveiro, Torre de Vilela, Torres do Mondego, Trouxemil e Vil de Matos.Em 2001, o concelho apresentava 148 474 habitantes.O distrito de Coimbra está situada na província tradicional da Beira Litoral, incluindo também concelhos das província da Beira Alta (2 concelhos) e da Beira Baixa (1 concelho). É banhado pelo oceano Atlântico, a oeste, e está limitado pelos distritos de Aveiro e Viseu, a norte, da Guarda, a nordeste, de Castelo Branco, a leste, e de Leiria, a sul. Abrange uma área de 3972 km2 e é composto por 17 concelhos: Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares. O relevo do distrito de Coimbra apresenta, na sua parte interior, serras elevadas e vales profundos, onde se encaixa a rede hidrográfica do Mondego, ao passo que na secção litoral do distrito predominam as terras mais planas, com destaque para a secção inferior da bacia do Mondego. Entre as principais serras do distrito, há a referir a serra do Açor (1417 m), onde se situa altitude máxima do distrito, e as serras da Lousã, do Buçaco e da Boa Viagem.Os rios mais importantes são o Mondego, o maior rio que nasce em Portugal, e os seus afluentes: na margem direita, o Dão; e, na margem esquerda, o Alva, o Ceira, o Arunca e o Pranto.


Ex-libris da cidade de Coimbra é a Torre da Universidade, erguida num dos ângulos do Pátio das Escolas. Entre 1728 e 1733 foi-se elevando esta elegante e erudita torre do Barroco Joanino. Na parte superior rasgam-se os arcos que contêm os sinos, tendo desempenhado um deles, a Cabra, importante papel regulador da vida universitária e da própria cidade.Na continuidade da torre impõe-se a Capela de S. Miguel, templo manuelino ocupando a área de um oratório do paço medieval. As suas obras tiveram início em 1517, pertencendo a sua planificação ao arquitecto Marcos Pires, que faleceu em 1521 e foi substituído por Diogo de Castilho. O seu portal nobre é uma composição manuelina naturalista, de arco polilobado e colunas torsas, onde se inserem símbolos relativos à Crucificação de Cristo e à heráldica de D. Manuel I. A parede exterior é rasgada por vários janelões manuelinos e coroada por merlões chanfrados e uma pequena torre sineira.O interior da capela apresenta-se com as paredes forradas por policromos azulejos seiscentistas, combinando com a talha e o minucioso trabalho pictórico de chinoiserie do magnífico órgão barroco, obra executada em 1737 por Gabriel Ferreira da Cunha.Na capela-mor destaca-se o imponente retábulo maneirista, empreendimento projectado por Bernardo Coelho e executado pelo entalhador Simão da Mota durante o primeiro quartel do século XVII. Domingos Vieira Serrão e Simão Rodrigues, excelente parceria de pintores maneiristas, compuseram as tábuas alusivas à vida de Cristo. Na tribuna do retábulo foi colocado um belo trono escalonado, obra setecentista em talha dourada. Suspenso do arco cruzeiro está um lampadário de prata, obra-prima da ourivesaria dos finais do século XVI e realizada pelo ourives Simão Ferreira.A pintura do tecto da nave da capela é obra dos finais do século XVII, concebida pelo artista lisboeta Francisco Ferreira de Araújo. Sobre o coro alto foi edificada, durante o último quartel do século XVIII, uma tribuna real.No átrio interno da capela situa-se a entrada de uma dependência convertida em Museu de Arte Sacra, onde se podem admirar algumas das melhores obras de ourivesaria, paramentaria e pintura pertencentes ao acervo deste estabelecimento universitário.Na continuidade da Capela de S. Miguel ergue-se a magnífica Livraria da Universidade, vulgarmente designada por Biblioteca Joanina, empreendimento barroco concretizado entre 1717 e 1728, sob o patrocínio de D. João V. É uma construção dividida em dois pisos, salientando-se o seu andar superior. A sua equilibrada fachada exterior é marcada por um monumental portal de arco de volta perfeita, assente em dupla colunata jónica e encimado por aparatoso escudo real de D. João V.O triunfante interior barroco reparte-se por três salas quadrangulares, divididas por arcos de volta perfeita, onde se inserem emblemas universitários em talha dourada, sobrepujados por coroa real de D. João V. A parede da última sala é preenchida por notável estrutura cenográfica em talha dourada e policromada, emoldurando um grande retrato de D. João V, provavelmente pintado pelo italiano Domenico Duprà (c. 1730).As três salas - verde, vermelha e preta - são revestidas por magníficas estantes de madeira, decoradas por talhas e delicada chinoiserie de motivos exóticos dourados, obra pictórica executada por Manuel da Silva. Os tectos apresentam pinturas alegóricas e estruturas arquitectónicas em trompe l'oeil, da autoria dos pintores lisboetas António Simões Ribeiro e Vicente Nunes.Para além da riqueza dos materiais e do requinte artístico da decoração barroca, a Biblioteca Joanina possui alguns dos mais raros e importantes livros existentes em fundos bibliográficos nacionais, consubstanciando-se, deste modo, como um verdadeiro templo artístico consagrado ao saber humano.

A ratificação da fundação da Universidade de Coimbra foi realizada por D. Dinis, através de diploma régio emitido a 1 de Março de 1290. Com efeito, Coimbra possui o mais antigo estabelecimento de ensino superior em Portugal, apesar de, durante toda a Idade Média, os estudos universitários terem oscilado entre esta cidade e a capital.Em 1537, D. João III transferiu definitivamente a Universidade para a Lusa-Atenas, consolidando assim a tradição escolar anterior da cidade, alicerçada na cultura do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ao mesmo tempo que afirmava a sua autonomia.Situado no topo da mais nobre colina da cidade do Mondego, o Paço da Alcáçova - antigo palácio medieval onde permaneciam os reis durante a sua estadia em Coimbra - foi o edifício eleito para acolher a Universidade, vindo a ser reformulado nos reinados de D. Manuel I e D. João III. A cidade crescia à sombra da sua Universidade, ao mesmo tempo que os edifícios escolares eram objecto de reformas nos séculos XVII e XVIII.A Porta Férrea estabelece o acesso ao pátio das escolas, entrada nobre de cariz tardo maneirista, projectada pelo arquitecto António Tavares e executada por Isidro Manuel, a partir de 1633. O escultor Manuel de Sousa é o responsável pelo programa escultórico que o integra, alegorias que se referem às diversas faculdades - Medicina e Leis no exterior; Teologia e Cânones no interior -, e estátuas dos reis que as estabeleceram, D. Dinis e D. João III, para além da figura da Sapiência a coroar todo este conjunto.No lado esquerdo da fachada estende-se o Colégio de S. Pedro, construção maneirista de linhas simples e austeras. Restaurada no século XX pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), esta ala foi prolongada. A sua fachada principal está virada para o pátio interior, onde se destaca o barroco portal de aparato, obra datada de 1713. S. Pedro foi edificado sobre os antigos aposentos palacianos dos Infantes, servindo até 1834 como albergue dos candidatos às diversas faculdades. A partir de 1855, parte das suas instalações serviu como aposentos da família real e como residência dos diversos reitores.Entrando no Pátio das Escolas deparamos, ao lado direito, com a Via Latina, varanda ritmada por elegante colunata e alterada na segunda metade do século XVIII. No centro desta ergue-se uma escadaria nobre conducente a um corpo porticado e rematado por frontão triangular. No espaço da Via Latina destaca-se um retábulo escultórico em pedra, obra do escultor francês Claude Laprade e executada em 1701. No centro pode observar-se um medalhão com a figura de D. José I (feita posteriormente) sob um frontão curvo sustentado por dois atlantes. Na base da composição destacam-se as alegorias femininas da Justiça e da Fortaleza.Através da Via Latina acede-se à Reitoria e suas dependências, reformuladas, na sua maior parte, na Reforma Pombalina de 1773, durante o reitorado de D. Francisco de Lemos.Por esta comunicação também se pode chegar à Sala Grande dos Actos, mais conhecida por Sala dos Capelos, lugar onde decorrem as mais significativas cerimónias da vida académica. Este espaço ocupou o antigo salão nobre do paço manuelino, edificado por Marcos Pires durante a segunda década do século XVI. No século seguinte, o arquitecto António Tavares iria reformulá-lo por completo, podendo admirar-se o seu tecto de madeira apainelado e pintado por Jacinto Pereira da Costa em 1655. Na galeria superior do salão encontram-se grandes telas com todos os reis de Portugal, pintados, até D. João IV, por Carlos Falch. Os restantes são realizados por diversos artistas nacionais. As paredes deste hierarquizado e ritualizado espaço académico são preenchidas por padronizados azulejos seiscentistas, em tons de azul, amarelo e branco, fabricados por uma oficina de Lisboa.Retornando à Via Latina, caminhamos em direcção dos Gerais, área das antigas salas de aula, dispostas em torno de um claustro de dois pisos. Os Gerais ocuparam as antigas instalações do paço da rainha, objecto de remodelação nos finais do século XVII e começos do seguinte, contando com os belos relevos barrocos alusivos às várias disciplinas universitárias e esculpidos no topo das portas das salas de aula, obra executada por Claude Laprade.

Mas como eu vivo na margem esquerda do mondego, acho-me no dever de vos falar um pouco da minha localidade, ou melhor da fréguesia. São Martinho do Bispo é uma freguesia portuguesa do concelho de Coimbra.

Densidade: 840,0 hab/km²

Padroeiro: São Martinho

População: 20.000 a 25.000

Eleitores: 11.839

Actividades Económicas: Comércio, Indústria e Agricultura

Gastronomia: Canja de galinha, arroz pardo, chanfana, batatas salteadas, sopa camponesa, sopas fervidas, galinha corada, arroz doce

Artesanato: Peças em vime (poceiros, cestos e cestas) e rastos de pau para tamancos

Feiras: feiras mensais nos dias 7 e 23

Paisagem de Relevo na Freguesia: a mata do Choupal, Pinhais dos Covões, Campos do Mondego, Rio Mondego que atravessa a Freguesia e o Centro Hípico de Coimbra; Ecologia: Rio Mondego (Pesca desportiva no Rio Mondego, onde se têm disputado vários campeonatos nacionais e internacionais).

Partindo de Coimbra e rumando sentido Oeste, encontra-se inevitavelmente, a uns 3,5Km, a Freguesia de S. Martinho do Bispo que abrange uma área de 19,5 Km2 e que integra os seguintes lugares: Pé-de-Cão, Curralinhos, Giralda, Outeiro de Álvaro, Malpica, Alquêves, Cananés, Covões, Cruzes de Granjeiras, Estremão, Gorgulão, Malpica, Avial, Bencanta, Casais do Campo, Rua das Figuras, Casal da Bemposta, Lagar dos Cortiços, Casas Novas, Chafariz, Coalhadas, Corujeira, Escola Agrícola, Espadaneira, Espírito Santo das Touregas, Fala, Montessão, Parreiras, Póvoa, Ribeiro da Póvoa, S. Martinho, e Sujeira.
Parte integrante do termo de Coimbra e situada na sua área de jurisdição, a história de S. Martinho liga-se, umbilicalmente, à desta cidade. Ocupada sucessivamente por romanos, visigodos e muçulmanos, reconquistada definitivamente pelos Cristãos em 1064 e usufruindo de uma situação geográfica e estratégica privilegiada, Coimbra torna-se, desde então, a mais importante cidade de fronteira desta faixa ocidental peninsular, a capital, política e religiosa, de um vasto território que ia, sensivelmente, do Douro ao Mondego e do mar até aos territórios de Viseu e Lamego, inclusive. Vasto território governado pelo moçárabe D. Sisnando, natural de Tentúgal, rodeado e apoiado por muitos outros moçárabes, laicos e eclesiásticos, que dominavam territórios mais ou menos vastos, circundantes a Coimbra, ordenados e hierarquizados a partir dela. Moçárabes fundamentais no esforço de desbravamento, de povoamento, de conquista de solos e de desenvolvimento de vias de comunicação, numa palavra, na prosperidade do mundo rural circunvizinho de que Coimbra - numa intima relação de complementaridade - passou a depender e sobre o qual influía e intervinha directamente. Após a conquista definitiva pelos cristãos de Coimbra aos mouros em 9 de Julho de 1064, D. Sisnando - o Moçárabe e conde de Tentúgal - que comandava as tropas cristãs, ordenou o repovoamento da margem esquerda do Mondego, tarefa que incumbiu ao então Bispo de Coimbra - D. Pedro. Uma das primeiras medidas deste Bispo, confesso devoto ao santo Martinho, foi mandar erguer uma igreja. em honra deste santo, à saída da cidadela, como então era conhecida Coimbra, e assim nasceu São Martinho do Bispo, cerca de meio século antes da fundação da nacionalidade Portuguesa.

Património Arquitectónico e Arqueológico:
Igreja Paroquial - A grande reforma da igreja data dos fins do século XVII. Guarda de época anterior a porta principal, do século XVII, a. torre de 1733, e da época medieval deve ser um arco reposto pela parte posterior do altar-mor, a ressalvar o trono, na sacristia uma portinha chanfrada, do século XVI. Templo amplo com larga nave.
A fachada segue um traçado neoclássico: dois corpos laterais, vincados por pilastras, e um central mais elevado, que forma arco ornamental. Cobre a nave um largo tecto de madeira, em caixotões singelos. Contém cinco altares antigos. 0 retábulo principal é da primeira metade do século XVIII, com modificações posteriores, os restantes são do fim do séc. XVIII. As esculturas de madeira são correntes. S. Martinho, do século XVII, e Senhora dos Remédios, da segunda metade, e Santo António, pequeno, do século XVIII. Panos de azulejos do século XVIII, estão aplicados na capela-mor e no cruzeiro. As duas pias de água benta da entrada, de concha lavrada e alvéolo superior também lavrado setecentistas, não são vulgares. Cruzeiros - Existem ainda dois, do tipo de grandes braços rectangulares e base trapezoidal, dos séculos XVII-XVIII. Um colocado no cemitério, outro levado para a extremidade da povoação. Casa Antiga - Nos Casais. Conhecida por "Quinta do Seminário", pertenceu à mitra de Coimbra. D. Miguel da Anunciação, criando um seminário, teve primeiramente os alunos da cidade, passando-os para esta Quinta, aonde estiveram cerca de três anos, a partir de 1743. O edifício, incluindo a capela, é do século XVII mas as casas tiveram reformas em 1763, mandadas executar pelo primeiro reitor do seminário, Nicolau Giliberti. Na pequena capela, do século XVII, destaque para as esculturas de Srª. da Conceição (Srª. do Couto), um Santo Diácono, S. Brás, Piedade (Virgem com Cristo) e uma tela da Srª. da Conceição. Capela de S. João Baptista - Em Pé de Cão. O edifício actual pertence a uma reforma do fim do século XVIII. Pequeno retábulo de quatro colunas, setecentista. A imagem de S. João de Baptista, de pedra, pertence ao fim do século XV, representando-o de túnicas de peles. Na sacristia duas pequenas tábuas, do século XVI, do Baptismo de Cristo e Creche.
A Quinta dos Plátanos - a Quinta dos Plátanos está situada em Bencanta, freguesia de S. Martinho do Bispo, um dos antigos arredores rurais de Coimbra, pelo que era muitas vezes escolhida como local para residência de Verão e/ou de campo de muitos (notáveis) conimbricences. A edificação desta quinta poderá ter estado, muito possivelmente, relacionada com este facto.
Da estrutura arquitectónica original do edifício pouco se sabe, uma vez que terá sofrido diversas campanhas de obras ao longo do tempo, após a aquisição da propriedade por Bissaya Barreto. De arquitectura setecentista, este edifício obedece já a conceitos estruturais pombalinos. A fachada virada. a sudoeste é a que apresenta menos intervenções, visto conservar ainda a traça arquitectónica dos palácios desta época, verificando-se grandes semelhanças com o palácio de Oeiras. As primeiras notícias que se encontraram, relacionadas com a Quinta dos Plátanos, são já do século XIX, e prendem-se com a mudança para este edifício pelo Conselheiro Adrião Pereira Forjaz de Sampaio e sua família, no ano de 1870, data da sua jubilação como Lente da Universidade de Coimbra. Em 1943 Bissaya Barreto compra esta propriedade fazendo dela um local de lazer para onde convida os seus amigos para almoçar ou jantar. E a Quinta dos Plátanos passa a ficar ligada ao seu nome. De 1974 a 1989-1990 a quinta foi emprestada à Comunidade S. Francisco, liderada pela irmã Teresa Granado, que recolhe crianças órfãs e as educa até a sua maioridade. Em 12 de Junho de 1993, após um processo de obras de restauro por que passou, a Quinta dos Plátanos é inaugurada como a sede oficial da Fundação Bissaya Barreto